- ‘A única e grande novidade foi a saída do Reino Unido, dado que não foram satisfeitas - e ainda bem - as exigências de David Cameron, e também o facto de ter ficado isolado dos seus antigos aliados do grupo europeu, que até agora nunca tinham aceitado o euro. A Inglaterra deixou, assim, de ter "um pé na América e outro na Europa" - o que clarifica sem dúvida a sua posição -, mas cria problemas sérios à City e, finalmente, deixa de empurrar o projecto europeu para uma EFTA, em ponto grande, como sempre tentou fazer no passado.
Contudo, não se vê como a União Europeia e o euro vão sair do imbróglio em que os seus dirigentes se meteram e nos meteram a todos nós europeístas. Há valores fundamentais, como a solidariedade e a igualdade de todos os Estados, que estão a desaparecer paulatinamente. A justiça social - uma das grandes conquistas do pós-guerra -, a pouco e pouco, está a ser eliminada. E aos próprios direitos humanos acontece o mesmo. Os mercados especulativos continuam a corroer tudo - e a própria democracia -, como tem vindo a avisar o grande filósofo Jürgen Habermas.
Está a tornar-se cada vez mais óbvio que sem uma ruptura a sério, o abandono do neo-liberalismo e a regulação ética da globalização, a União Europeia e o euro vão entrar, inexoravelmente, numa profunda decadência, que nos atinge a todos, europeus, e, indirectamente, o equilíbrio mundial.’
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