- ‘Sacrifícios, sim, se houver uma estratégia que os justifique; humilhações, não; somos uma Nação com quase nove séculos de história e com grandes serviços prestados à Europa e invulgar conhecimento do mundo. Vão-se os anéis, se for absolutamente necessário; mas fiquem a honra e a dignidade do nosso Povo...
Vem isto a propósito da situação insegura em que Portugal e a União Europeia se encontram. Nas últimas semanas, com uma agenda complicada e exigente, tenho percorrido uma parte significativa do País. E, consequentemente, tenho falado com muita gente, de todas as condições sociais e opções políticas. Noto que há uma depressão coletiva que se está a generalizar - porque não se vê que futuro será o nosso - e, talvez, mais contido, por enquanto, um descontentamento progressivo, com tendência a transformar-se em revolta.
Penso que o atual Governo não deve menosprezar esta perigosa situação. Para isso, o Governo tem de explicar aos portugueses a estratégia que tenciona seguir e para onde nos conduz. Em palavras simples e claras para serem entendidas. Não pode deixar que as pessoas pensem, como começa a acontecer, que quem nos governa é a troika. Não deve ostentar perante ela uma subserviência chocante. São tecnocratas anónimos os que a representam. E que procedem, na nossa terra, falando alto, dando conferências de imprensa e metendo o nariz em tudo, como se fossem os nossos "patrões", só porque representam os que nos emprestaram dinheiro a juros inaceitáveis. Isto é: fingindo que são nossos simpáticos doadores quando são implacáveis exploradores...’
4 comentários :
Admiro o Dr Mário Soares o que não quer dizer que concorde sempre com o que diz e este é um dos casos. Retrocedendo no tempo recordo que foi este sr que na altura era PM que negociou com o FMI em 1978 e 1983 e ainda não me esqueci o que foi imposto ao país portanto acho muito estranho (ou talvez não)que agora critique o que já fez anteriormente e os Portugueses tanto nessa altura como agora souberam e saberão cumprir o acordado. Que se saiba na altura impuseram-nos condições e nunca ouvi dizer que estávamos a ser subservientes e actualmente já o somos? Uma coisa que não é dita é quem nos conduziu até este abismo mas os portugueses sabem perfeitamente que um tal pinto de sousa e a sua corja foram os únicos responsáveis do actual estado de coisas mas claro a história será justa e dentro de alguns anos classificará os anos de 2005 a 2011 como os piores da democracia.
O anonimo,não admira o dr. Mario Soares, odeia-o e utiliza a tecnica de Marcelo R. de Sousa que para dizer mal começa por dizer que é amigo ou foi seu professor.O FMi,quando entrou cá,foi por causa dos desvarios de Vasco Gonçalves de uma vez e da direita a seguir.Eramos mais pobres do que hoje,e não eramos tão exigentes nas nossas reivindicaçoes. .Lembro que a minha empresa cotada no PSI 20,andou meses a trabalhar para stock porque a Europa nada nos comprava por questões politicas. (80% do que produzimos é para fora).Hoje temos um governo com "canalhas" que obrigaram o pais a chamar o FMI,quando tinhamos uma solução apadrinhada pela dona merkel, que nos permitia continuar ir ao mercado. Roubar o Estado não é apanagio dos socialistas,mas de gente da direita fruto da sua má formação moral e de uma desmedida ambição pelo poder, dele se servir e para levar a cabo ajustes de contas com os trabalhadores.
Caro Zé da Minda:
Respeitando a sua opinião só recordar-lhe que em 1978 não existia o PSI 20 tal como em 1983. Recordar-lhe que em 1983 nos foi retirado o subsidio de natal (50%)com a promessa de nos ser devolvido até hoje ainda esperamos por tal promessa. Para si o actual governo é de canalhas para mim o anterior foi de assaltantes e essa que a xuxalhada não rouba o estado tem que se diga mas não vou por aí.Para si a solução era o histórico PEC IV (os anteriores já não serviam para nada)para mim não garantia nada aliás são os próprios especialistas que dizem que Portugal deveria ter pedido apoio mais cedo. Ficariamos aqui uma tarde inteira com argumentos mas só lhe quero dizer que apesar de estarmos em campos opostos respeito as nossas diferenças.
A ideia de que a solução PECIV nunca resultaria é tão procissão de fé como o é achar que estamos no caminho certo.
A verdade é que nunca saberemos, e a verdade também , é que grandes mudanças na história surgiram de factos a que aparentemente na altura em que ocorreram se lhes deu pouco valor.
É cada vez mais claro, hoje, que a ajuda do FMI foi uma má escolha. Nem o FMI é amigo (os juros a que empresta são usuárarios)nem o país tinha nada a perder em ter experimentado a solução PECIV primeiro. Mesmo que não resultasse tinha-nos dado algo de que neste momento precisamos como pão para a boca : tempo .
Como consolação, quem acha que este é o caminho certo, não está só.São muitos a acha-lo. Pois na história pouquissimos são os que têm rasgo e golpe de asa para vêr mais além.Por agora ,ganharam os mediocres e com eles arrastarão toda a Europa.
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