- ‘A Associação Sindical de Juízes (para quando uma associação sindical de deputados?) fez uma denúncia ao Ministério Público sobre eventuais ilegalidades no pagamento de despesas a membros do anterior Governo. Bom, se há indícios de irregularidades, investigue--se. Ninguém está acima da lei - como já se disse. É estranho, porém, que a associação sindical tenha razões para fazer uma denúncia contra o anterior Executivo e não tenha encontrado nenhuma hipótese de irregularidade noutros. Também não me recordo de denúncias da associação sindical deste ou doutro género contra quem quer que seja. Acresce a isto, como neste espaço José Manuel Pureza salientou, uma acção ser iniciada por quem depois a vai julgar. Causa, no mínimo, perturbações ao princípio fundamental da divisão de poderes.
Vários observadores justificaram esta atitude da associação sindical (não confundo a agremiação com a inteira classe profissional) com decisões do antigo Governo, nomeadamente a retirada de regalias, e até de poder servir como ameaça a possíveis futuras tomadas de posição do género já deste ou de próximos Governos.
Este cenário, a ser real, é grave. Os poderes conferidos pela Constituição aos juízes não podem ser utilizados como arma para lutas corporativas. Ou pior, para pressionar a feitura de leis, neste ou naquele sentido. Fazer isso seria pôr em causa todo o edifício constitucional. O juiz julga, não legisla. Quem faz as leis são os representantes do povo escolhidos em eleições.’
4 comentários :
Essa coisa de «não confundir a agremiação com a inteira classe profissional» já começa a enjoar.
Mas alguém tem conhecimento de algum juíz alguma vez se ter insurgido contra os mentecaptos mediáticos que falam em nome da classe, e diariamente, com assiduidade não inferior à da droga futebolística, em todos os canais de televisão e na imprensa escrita, vêem despejar na nossa casa o lixo político das suas repugnantes agendas de classe?
Então não é verdade que nesta república dos tribunais-banana a grande maioria dos juízes e procuradores são mesmo sindicalizados e consequentemente representados pelos rústicos semi-analfabetos que falam em seu nome?
E será que alguém consegue, por exemplo, distrinçar alguma seriedade ou vergonha no primarismo ignorante que toma, a uma voz, a abominação que é o veredicto do julgamento Casa Pia por algo mais que uma tragicomédia transparente, congratulando-se com o «fim feliz» que representa a condenação de inocentes?
Por favor, senhores magistrados, mudem de profissão. Ou então entrenham-se a apreciar mais uma vez os extraordinários métodos de campo da magistratura portuguesa nos pequenos filmes do sítio de Carlos Cruz, mas por favor poupem-nos a mais comédias. Emigrem. Não nos chateiem mais.
Por favor, senhores aprendizes de comentadores, poupem-nos aos alibis moralistas de salvação de classe.
Por favor, senhores bloguistas da Câmara Corporativa, escondam o meu IP identificativo.
Obrigado.
Correcção: *vêm* despejar, como é óbvio. Obrigado
Uma classe que se deixa "representar" por um individuo supostamente juiz que actua como o Martins deixa muito a desejar quer em termos éticos quer em termos morais.
Uma vergonha para a judicatura!
http://expresso.sapo.pt/os-portugueses-nao-merecem-os-juizes-que-tem=f713491
Enviar um comentário