segunda-feira, março 19, 2012

Doce Pingo

António Correia de Campos, Doce Pingo [hoje no Público, sobre estas declarações de António Borges]:
    ‘Há personalidades a quem devia ser exigido voto de silêncio. Quando falam aos gentios, esquecem o País em que vivem. António Borges (…) tem o condão de gerar verdadeiras ondas de choque. À hora a que escrevo não conheço ainda a reacção que criou com a sua declaração sobre a admirável bondade das reduções salariais induzidas pela crise e pelo desemprego, tornando-nos mais competitivos, ao ponto de estarmos a interessar investidores estrangeiros. (…) Como é que Passos Coelho, ou o ministro do Trabalho (quem é ele, afinal?) vão explicar aos seus governados que está tudo a correr tão bem na economia portuguesa que até já conseguimos, sem desvalorização monetária, aquilo que só com ela se conseguiria em matéria de esmagamento dos salários. Borges parece não ter sensibilidade para antever que há coisas que não se podem dizer, nem alegrias que se não podem exteriorizar, porque são escárnio das vítimas e punhaladas nos eleitores indefesos. Mas sobretudo por não estar provado que seja verdade, e muito menos que seja a melhor via, com menos custos e mais benefícios, para a saída do atoleiro. Ainda por cima o atoleiro dos produtos financeiros imaginativos, cujos méritos Borges apregoava, ou das práticas especulativas e depreciativas dos clientes, como agora um arrependido da Goldman Sachs veio confessar.

    Por muito respeito técnico que Borges me inspire, creio que ele devia pensar duas vezes antes de falar. A sua brutal franqueza a ninguém aproveita: certamente que não ajuda os que passaram ao desemprego e à pobreza com o aprimoramento das receitas de Borges e outros; não ajuda ao Governo, que tem que desculpar e pedir desculpa por estes "entusiasmos" e não deve agradar ao seu patrão por, em vez de o exibir como novo "empregado do ano", ter que o esconder nos fundos de um armazém.’

4 comentários :

Anónimo disse...

Parafraseando o Rei Juan Carlos em 'Americanês' da Goldman Sachs : "Why don't you shut up Antonio?"

Anónimo disse...

"Why don't you shut up António BORGES". Não reparei que os nomes do autor do texto e do homem da Goldman Sachs coincidaim. Sorry!

Anónimo disse...

Este gajo é nojento, ele tem a noção do que é um ser humano? Estes gajos o que é que têm na cabeça, cifrões?

Anónimo disse...

Estes gajos não são politicos , são técnicos. Só assim se explica que possam tentar (com enfase no tentar ) governar para os numeros e não para um povo. Noutros tempos seriam chamados de anti patriotas, conspiradores e metidos em calaboços fechados a sete chaves. Hoje? Non pasa nada...