- ‘Foi um espetáculo triste aquele que o Governo protagonizou na semana passada ao dar o dito por não dito. E o que tinha sido dito e redito era que o corte dos subsídios de férias e de Natal a trabalhadores da Função Pública, reformados e pensionistas, era uma medida de exceção para vigorar durante dois anos. E dois anos são dois anos, não são três nem quatro, nem quatro e meio. Dois anos são 2012 e 2013, não 2014 e reposição gradual e parcial dos referidos subsídios só em 2015. Não há outra expressão para qualificar o que se passou: o Governo mentiu. O problema é que, provavelmente, num primeiro momento admitiu que seria suficiente fazer esses cortes em 2012 e 2013. Mas, com os efeitos da brutal política de austeridade que colocou em prática, ultrapassando o que a troika impunha, o Governo está a deprimir de tal modo a economia que os resultados tem sido 1) aumento exponencial do desemprego; 2) quebra nas contribuições para a segurança social; 3) subida acentuada das reformas antecipadas pedidas por desempregados. Estas razões explicam a derrapagem de EUR200 milhões no orçamento da Segurança Social.
Por tudo isto, o Governo fez as contas e chegou à conclusão óbvia: ou há uma redução brutal do número de funcionários públicos até 2014, da ordem dos 100 mil, ou então não será possível repor os subsídios de Natal e férias, mantendo os compromissos contemplados no memorando de entendimento para a redução das despesas com pessoal. Ora a redução de pessoal prevista pelo Executivo é de 35 mil funcionários públicos naquele período. Quer dizer, sobre esta matéria, o Governo ainda não mentiu completamente mas já começou a mentir. Ë que em 2015 não haverá condições para repor os subsídios agora cortados. E o mais provável é avançar a ideia de Passos Coelho: acabar com os subsídios e dividi-los pelos 12 meses. Mas, claro, que ninguém espere nessa altura um aumento do ordenado de 14%. Será muito menor. Outra mentirinha que está no horizonte.
É neste quadro que surge a ideia de colocar em vigor as rescisões amigáveis dos vínculos laborais entre o Estado e os seus funcionários. Fica por saber onde haverá dinheiro para pagar essas rescisões amigáveis. Ou é mentira que não haja?
Temos depois a sonegação de informação aos cidadãos. E assim aquilo que era um direito dos trabalhadores — a reforma antecipada — foi-lhes retirado mediante uma decisão do Conselho de Ministros, que foi escondida até poder entrar imediatamente em vigor no momento em que fosse divulgada. Claro que se evitou uma minicorrida às reformas antecipadas. Mas deu-se mais um passo na desconfiança e no ressentimento entre os políticos e os cidadãos.
Finalmente, o corte dos subsídios de férias e Natal a todos os reformados e pensionistas é profundamente imoral (…).
4 comentários :
Vai haver dinheiro para pagar as rescisões amigáveis. Simplesmente porque, mais uma vez, a lei das indemenizações vai ser profundamente alterada, provavelmente contra a concertação social, e as devidas indemenizações serão assim reduzidas para metade, se calhar um terço do que hoje são.
Votaram nestes imbecis? Agora tomem e embrulhem.
O Socrates mentia quando avisou que tudo isto iria acontecer com estes tipos no poder? Pois agora quem é o mentiroso?!!!
Estes crápulas são do pior, são aldrabões,trapaceiros, ladrões e agora tomam as decisões ditatorialmente, no secretismo dos seus gabinetes, e a populaça...nada... não diz nada encolhe-se. Ó pessoal temos reagir, PORRA!!!
Trata-se (como o outro, aliás) de um aldrabão.
Através do engano (por meio do qual aparentou ser homem de palavra)conseguiu os votos que elegeram.
Vê-se agora que mentiu e mente com quantos dentes tem na boca.
Perdeu, assim, a sua legitimidade democrática.
Deveria, por consequência, ser apeado do poder.
Aquela senhora que fez campanha dizendo "falar verdade" que se pronuncie.
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