domingo, abril 01, 2012

À luz da História da França

O JN publica uma análise mensal do governo de direita, para a qual concorrem as opiniões de seis individualidades: Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto (que costuma falar de todos os assuntos, excepto dos que respeitam aos comerciantes), Manuel Serrão, dos superdragões, António Marinho e Pinho, bastonário da Ordem dos Advogados, Alberto Castro, professor universitário, Daniel Deusdado, jornalista, e Pedro Bacelar de Vasconcelos, constitucionalista.

A análise hoje publicada na pág. 28 é demolidora para Paula Teixeira da Cruz. Mas o que me chamou mesmo a atenção foram os lacónicos comentários de Marinho e Pinto sobre Passos Coelho, Vítor Gaspar e Miguel Relvas: a Passos Coelho chama-lhe “Childerico III”, que ficou registado na História pelos cognomes de “o Idiota” ou “o Rei Fantasma”; a Vítor Gaspar chama-lhe “Pepino, o Breve”, o qual antes de ser rei já exercia o poder de facto, não tendo tido dificuldade em derrubar Childerico III; e a Relvas chama-lhe “Cardeal Jules Mazarin”.

A qualificação de Relvas é que se estranha. É que Mazarin ficou para a História como estadista, o que não parece ser o caso de Relvas; o cardeal que nunca foi padre teve de enfrentar inúmeras revoltas devido a sucessivos aumentos de impostos, mas no caso em apreço a responsabilidade disso é mais de Passos e Gaspar do que de Relvas; Mazarin foi também um insigne coleccionador de arte e jóias, particularmente diamantes, mas Relvas nunca revelou, pelo menos publicamente, ter especial inclinação para os negócios da cultura.

Talvez só Marinho e Pinto saiba explicar o que o levou a associar Relvas a Mazarin.

1 comentário :

jose albergaria disse...

Nem precisa de ser Padre, menos ainda Fradre para ser Cardeal. É umna prerrogativa Papal, que pode nomear quem entender, leigo ao clérigo para aquela titulatura.
Quanto à comparação (tirante a dimensão do tal Mazzarino, italiano de origem e cabo de guerra notável...coisa que este Relvas não é)deve-se ao facto de:
1/ Sucedeu a Richelieu;
2/Tinha mais poder que o Rei;
3/Foi o inventor de Colbert, o do mercantilismo,que lhe sucedeu nas finanças do reino.
Abraço.