domingo, abril 08, 2012

“No fim deste processo vamos ter um país muito mais pobre, muito mais desigual e com a economia destruída”

Pedro Marques Lopes, Lapsos:
    ‘Existiu um lapso sim, mas não foi quando se confundiram os anos, foi quando se disse que os subsídios iriam ser repostos. Uma falha como a de dizer que não iria ser preciso cortar salários, como a de se afirmar que os impostos não seriam aumentados, como a de se ter dito que bastava cortar nas gorduras do Estado para que a nossa despesa pública diminuísse. Lapso é continuar a apregoar-se aos quatro ventos que não é preciso nem mais tempo nem mais dinheiro ou que se conseguirão atingir as metas do défice sem que sejam necessárias mais medidas de austeridade que definitivamente arrastarão a nossa economia para um poço ainda mais fundo. Lapso é pensar que com o desemprego galopante, com a diminuição da actividade económica, com o decréscimo das exportações, com o crescimento da despesa provocada pelo aumento dos subsídios de desemprego, pelo decréscimo da receita fiscal se poderá repor o décimo terceiro mês e o subsídio de Natal, mesmo que gradualmente, seja o que isso queira dizer. Lapso é ignorar os números apresentados pela OCDE que mostram que Portugal foi o país que liderou as quedas do PIB no último trimestre de 2011 ou não ouvir o próprio chefe da missão da troika quando ele diz que perseguir a meta de 4,5% de défice pode não ser a melhor política. Lapso é o Governo alegrar-se com o relatório da troika quando lá se escreve que "uma recessão mais profunda do que a actualmente prevista é bem possível".

    Lapso é não perceber que não vamos cumprir as metas a que o Governo se propôs e que no fim deste processo vamos ter um país muito mais pobre, muito mais desigual e com a economia destruída.

    (…)

    O Tribunal Constitucional foi claro: a lei do enriquecimento ilícito viola o princípio da presunção da inocência e a obrigação da tipificação clara da conduta a criminalizar. Desta vez o Estado de direito não foi derrotado, mas os mais básicos pilares democráticos foram abalados.
    Saber que há gente no PSD e no CDS disposta a trocar uma trave mestra da democracia por uma medida populista e demagógica é assustador. Recordar que a ministra da Justiça garantiu que esta lei não sofria de nenhuma inconstitucionalidade e o facto de ter insinuado que quem se oponha a esta lei não estaria interessado em combater o flagelo da corrupção é, na melhor das hipóteses, perturbante e ofensivo (…).’

3 comentários :

Rosa disse...

Cada vez concordo mais com Pedro Marques Lopes...e admiro o facto de ter assumido ter votado PSD mas ter a coragem e a frontalidade de discordar de imensas políticas e atitudes do governo...

Anónimo disse...

O pior é que não é só gente no PSD e CDS que queria esta lei demagógica aprovada. Convém não esquecer aqueles que armados em arautos da defesa dos direitos fundamentais do cidadão, se renderam ao populismo da medida e a aprovaram : PCP e Bloco.
No fundo , tudo farinha do mesmo saco.

Picamilho / Elvas disse...

Marques Lopes qualquer dia tem a cabeça a premio,lá para as bandas da são caetano.