• Fernanda Câncio, Manta rota:
- ‘Foi há um ano, só. Um Passos Coelho de tronco nu "como qualquer português" (repórter da TVI dixit) no seu rés do chão enquadrado em alumínios, caniche ao colo, maravilha os portugueses com a sua "simplicidade". Alheias ao facto de o recém-empossado PM ter afirmado que o governo não teria "tempo para se sentar", as reportagens de TV e imprensa retratam o líder do executivo que acabara de confiscar meio subsídio de Natal a todos os portugueses (mesmo os que não recebem subsídio de férias, como estarão tantos a verificar agora, nas notificações de pagamento do IRS) como "o tipo porreirão" que "está aqui no meio do povo, um homem do povo e para o povo", "sem exigências especiais".
Podia ser só o retrato de um governante naïf , incapaz de perceber que por mais que quisesse manter "tudo igual", um tal grau de exposição era impossível de sustentar. Mas não: era o retrato de um governante naïf que pensou poder usar o estado de graça e a intimidade familiar para ganhar vantagem, exibindo uma ilusória proximidade com "o povo" e nessa exibição certificando a sua "seriedade"e "carácter genuíno". E, como vamos percebendo cada vez melhor, é o retrato de um homem que se decalca de um modelo tão nosso conhecido, cada vez mais reconhecível no discurso e na obstinação de destino. Na exaltação da pobreza como redenção, da modéstia como suprema qualidade, no balanço das contas como religião, Passos apropria-se (se é que disso tem consciência, mas se não tem é bom que se informe) do cerne do discurso salazarento.’
3 comentários :
5 ESTRELAS!
Salazarento,é a conclusão.
G.Gabriel
A Fernanda esqueceu o paternalismo indecente com que a figurinha se dirige ao povo português.
É de facto o regresso ao passado, e em força, ao que parece.
http://www.youtube.com/watch?v=vBM2r6xlyvs
está tudo dito, no que toca à figura em questão !!
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