• José Manuel Pureza, O tal canal:
- ‘A privatização da RTP não é uma questão financeira. O Estado não gasta mais de 220 milhões de euros por ano com a RTP. Os custos operacionais da empresa são substancialmente mais reduzidos do que os das suas congéneres europeias e estima-se que termine o exercício de 2012 com um lucro de cerca de 15 milhões de euros (à custa de um preocupante desinvestimento na urgente renovação do parque tecnológico). Ora, nem os custos baixarão significativamente com a alienação de um dos canais nem o encaixe financeiro da operação terá impacto relevante no equilíbrio das contas públicas.
A privatização da RTP não é tão pouco um problema de reforço da sã concorrência. Justificar esta escolha com a necessidade de o Estado não fazer concorrência desleal aos operadores privados é esquecer que são precisamente os operadores privados que hoje mais se batem para que o Governo não venda um canal da televisão pública. Porque sabem que a recessão tem como consequência uma retração fortíssima do mercado publicitário, sendo que, neste quadro, o aumento de 20% de espaço televisivo para publicidade resultará num agravamento dramático das dificuldades não só dos operadores privados de televisão, como de toda a imprensa escrita e falada. Os trabalhadores dessas empresas e a independência e qualidade da informação por elas prestada serão as vítimas maiores desta obsessão ideológica de Passos e Relvas.
A privatização da RTP é apenas isso: uma pura questão ideológica. Que em toda a Europa a transição do analógico para o digital tenha sido acompanhada de um aumento dos canais de serviço público (6 em Espanha, 10 em França, 11 na Alemanha, 22 no Reino Unido) enquanto em Portugal se verifica o inverso é puro fanatismo ideológico. O Governo acha que o serviço público de televisão deve ser residual, como acha exatamente o mesmo sobre serviços públicos de saúde, educação ou cultura. É isso, e só isso, que importa discutir.’
1 comentário :
O Partido Socialista, alternativa muito provavel à cambada "relvatica", deveria desde já e para que ficasse bem expresso e para memória futura que a negociata da venda de licenças televisivas seria imediatamente - uma vez o Partido chegado ao poder e com o mais amplo consenso - revertida e nacionalizada SEM QUALQUER INDEMNIZAÇÃO,para o adquirente. Com blindagens ou sem elas.
Gostava de ver quem se aventurava neste compadrio vergonhoso.
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