quinta-feira, agosto 23, 2012

Que futuro para o Bloco de Esquerda?


Em tempo de balanço, pode dizer-se que Francisco Louçã tem tido uma vida (política) regalada: no decurso da sua longa carreira, fez sempre parte de partidos de protesto que não tiveram de sujar as mãos “na porca da política”. Mesmo agora, quando aparenta querer retirar-se, Francisco Louçã — que julgo nunca ter renegado o trotskismo — arquitectou uma solução engenhosa para a chefia do Bloco de Esquerda, a qual lhe permite condicionar a política do “movimento” sem ter o ónus e o desgaste da vida política: uma direcção bicéfala que, na realidade, é uma troika (com Louçã atrás do palco).

A polémica que agora se abriu sobre a liderança do BE é uma discussão enviesada: de um lado, avançam-se nomes; do outro, diz-se ser a escolha de um modelo de direcção a questão prioritária. Nem os que defendem nem os que se opõem à proposta de Louçã dizem uma única palavra sobre o que deverá ser o BE no futuro.

É bom recordar que a expectativa que havia em torno do BE, que se traduziu numa votação inesperada para os seus próprios dirigentes em 2009, se estilhaçou em resultado da estratégia bloquista de precipitar a queda do Governo do PS, com o subsequente desgaste eleitoral do próprio BE.

O BE está agora colocado perante um dilema:
    • Ou se assume como um partido da revolução, fazendo concorrência ao PCP enquanto aguarda serenamente que o povo derrube a democracia burguesa;
    • Ou procura encontrar plataformas de entendimento com o PS, tendo em conta que a esquerda tem a maioria dos votos.

Por outras palavras, o BE, independentemente do modelo e da(s) personalidade(s) que vier(em) a assumir a liderança, vai ter de escolher se prefere, num país que vota maioritariamente à esquerda, que o PS tenha, em matérias cruciais, de fazer entendimentos à sua direita ou à sua esquerda. Não há terceira via.

É por tudo isto que a convulsão por que passa o BE não interessa apenas ao próprio BE. E é bom não esquecer que não é cedo para encontrar pontos de convergência, tendo em conta que o estado do país pode precipitar a realização de eleições antecipadas.

11 comentários :

Miguel Ramalhosa disse...

Caro Miguel,

O BE necessita realmente de (re)pensar as suas prioridades e o rumo que pretende tomar nos próximos tempos. Os portugueses (não só os militantes) esperam, para o bem da democracia, que o BE fique mais coeso após a escolha do(s) líder(es). Apresento uma perspectiva pessoal aqui: http://otalhodaesquina.blogspot.pt/2012/08/bloco-de-esquerda-e-direccao-bicefala.html

Cumprimentos,
Miguel Ramalhosa
(Blogger n'O Talho da Esquina)

Fernando Romano disse...

Francisco Louça e os seus Diádocos.
Os Diádocos de Louça e as suas guerras pelo poder.

O BE faz lembrar os Ptolomeus, os Demétrios, os Antíocos, os Seleucos, etc., Diádocos (sucessores) do Grande Alex, o conquistador macedónico, todos eles chefes de bandos épicos em busca exclusiva dos despojos para fazerem uma casinha nas suas terras de origem onde deixaram as suas mulheres, não sei se com cadeados de castidade, tantos foram os anos que andaram naquela sofreguidão arrebatadora... (mais de doze, penso). Os Diádocos de Magno degeneraram de tal modo, que foi necessário divinizá-los para justificar a sua autoridade, coisa que a imprensa portuguesa se esfalfa agora por conseguir para os Diádocos do Alex da revolução permanente - sem fim. A aposta aponta para uma solução Antíoco/Estratonice, cuja história e peripécias deste casal de sucessores de Alexandre seria engraçado de contar aqui, mas o papel disponível não dá. As guerras entre eles foram permanentes, a ganância pelo poder provocou algazarras por todo o lado. Um horror!

Se não fosse a escassez de papel e a minha nenhuma arte na escrita, resumia aqui uma Introdução que António Sérgio fez à Crónica de D. João I, há muitos anos, escrito divinal, sobre os bandos épicos que D. João I se viu forçado a mobilizar com uma política arrasadora (e também encantadora...), a conselho do formidável agitador burguês Álvaro Pais - "Promete o que não tens e dá o que não é teu", receita que o vizinho João adotou também, numa disputa do caraças, para levá-los, ora para um João ora para o outro João, tal a indiferença desses bandos para a gravidade em que Portugal estava mergulhado. Já o Grande Alex macedónico a certa altura viu-se em sarilhos para controlar os seus bandos; curiosamente, o mesmo está a acontecer ao Lusitano Alex Louça na sua odisseia sem fim.

Interessante (e estou a referir-me à Revolução de 1383-1385), o Mestre de Aviz não parava um minuto, por esse Portugal a fora também a comprar Fidalgos (e os seus bandos) como quem compra Ronaldos (olhem o Catroga!) e Messis (e até alcaides), desses que estão sempre disponíveis no mercado. Reparem como os joões de hoje de fora, dos nossos dias, os compram por aí! É só assobiarem.

Mas bandos como os dos Diádocos do Lusitano Alex Louça, foi provado recentemente, são imprescindíveis para atacar a Independência Nacional e dividir o povo português.

(Eu bem queria que isto saísse melhor, os bandos épicos da política portuguesa em busca dos despojos da Pátria bem mereciam melhor estilo. Há aqui bom pano para mangas para honestos trabalhadores da caneta. Ddos que ainda se aguentam nas canetas).

ignatz disse...

o ps não precisa do bloco para nada e muito menos em fase de insolvência eleitoral. acordos com essa gente duram pouco e só servem para promover a confusão esquerdalha.

Anónimo disse...

nem mais:
O PS está agora colocado perante um dilema:
• Ou se assume como um partido da direita, fazendo concorrência ao CDS e ao PSD enquanto aguarda serenamente que o povo não derrube a democracia burguesa;
• Ou procura encontrar plataformas de entendimento com o BE, tendo em conta que a esquerda tem a maioria dos votos.

Anónimo disse...

• Ou se assume como um partido da direita, fazendo concorrência ao CDS e ao PSD enquanto aguarda serenamente que o povo não derrube a democracia burguesa;

• Ou procura encontrar plataformas de entendimento com o BE, tendo em conta que a esquerda tem a maioria dos votos.

Nem uma coisa nem outra - o PS tem tudo para ser governo.

Espero que haja 2 eleições, muito em breve - para Presidencia da República e para o Governo.

Pois é, tem que ser duas eleições.

Tem que ser - até o Camões, sem um olho, repara nisso.

Sangue novo que dinamize o País, é urgente.

O Governo e o PR vai para a lista dos disponiveis.

Se 2.000 € não chega, aumenta-se o "petit cache"

É a minha opinião que se faça com urgência.

Que o País se prepare.

Sopas de cavalo cansado e o trabalho à jorna, nunca mais

Piruças

Anónimo disse...

Precisamos de Mulheres e Homens de coragem, de muita coragem.

Os Estadistas, as indidualidades que se lixem - recebem o seu cachet que o País possa pagar numa crise internacional

O País não precisa de salvadores da Pátria - já comi dessa sopinha com grão,com pão escuro

É a minha opinião.

Cada dia que passe, damos mais uma cavadela.


Anónimo disse...

o be acabou quando votou contra o pec. virem agora com namoros é o cúmulo e se o ps for nessa vai ao fundo com eles e será bem feito.

Anónimo disse...


Estamos em período da Liberação - então porque não se libera o governo?

Contrata-se oBerlusconi dá-se um jobs de objectivos - se cumpre, tem premio - se não cumpre, vai para a Feira do Relógio

Este governo,já há muito fez falir o País - se queremos saír do buraco, antes que feche, para se abrir com gerência, tome-se a medidas aconselhaveis e prementes

Ponha-se um anuncio internacional para se contratar um gestor para o Gverno, acumulando com a Presidência.

É a minha opinião.

Avacalhar como está, lá vai disto.

ignatz disse...

as gajas do bloco têm problemas com o microfone, já a drago tinha que se empoleirar numa grade de minis para lá chegar. o que lhes vale é haver um mecânico de serviço para dar um empurrão.

Anónimo disse...

Eu tive alguma empatia, com o dr. Cavaco Silva, mas,tenho de reconhecer, que a mensagens do Presidente, não são esclarecedoras, são preocupantes

Muitos anos de serviço público deixam algumas sequelas, naturalmente

Aparte disso, o dr. Cavaco Silva, mostra alguma dilexia, provocado, talvez, por algum enfarte ou, um tenha tido um AVC ligeiro? não deixa da haver alguma preocupação famaliar.

Um AVC, carateriza-se pela queda momentanea e muitas ficam num estado de semi inconciência durante algum tempo. - lembro o caso de Salazar

Há aqueles, que não se dão por isso



Quer-me parecer, que o dr. Cavaco Silva, nervoso como é, deixar a Presidencia, é um bem para o País, como é bom, para ele próprio.

Ainda não é muito idoso e, pode-se dedicar à escrita, que tão bem sabe fazer.

O País continuará, igualmente, com bons filhos.

É a minha opinião, naturalmente -V.Exª fará o que entender.

Compreenderá, que o País precisa de nova gente, é paradigmático, como disse um dia Alves dos Santos

Anónimo disse...



"Qual o futuro do Bloco de Esquerda"? NENHUM (ou seja, esta agonia lenta, para variar da morte súbita que vitimou o seu precursor, o defunto PRD...)!