"Bom, acontece que a prudência se transformou em aventura" |
Vieira da Silva, na sua qualidade de presidente da comissão parlamentar de acompanhamento das medidas da troika, analisa a visita da troika em entrevista à RTP Informação [a partir dos 15:22]. Um breve excerto:
- “(…) não só o Governo [de Passos Coelho] assumiu desde o início que pretendia ir para além do memorando — em termos, por exemplo, da consolidação das contas públicas, em termos das transformações na economia portuguesa — como o fez de forma clara e objectiva desde a 1.ª revisão [do memorando].
Dou-lhe apenas dois ou três exemplos muito concretos: o aumento do IVA na restauração, que tem sido tão marcante para esse sector muito importante da economia portuguesa que não estava prevista nesta dimensão (…), os próprios cortes de dois salários para os trabalhadores da Administração Pública e para uma parte dos pensionistas não estavam previstos no memorando de entendimento. Portanto, há um conjunto de questões — e algumas delas das mais marcantes de configuração do programa e da política económica portuguesa — que não estavam no início [no memorando assinado].
A economia, hoje, já não é a mesma de há um ano atrás. Repare numa coisa: o que é que o Governo, e em particular o ministro Vítor Gaspar, disse variadas vezes (…)? Ele disse que precisávamos de aprovar um conjunto de medidas de austeridade — de aumento da receita e de diminuição da despesa — de forma prudente, ou seja, provavelmente indo para além do que seria necessário — e foi muito criticado por algumas forças políticas por isso —, mas para que essa prudência garantisse a execução dos resultados.
Bom, acontece que a prudência se transformou em aventura. E o excesso de prudência, que era vista como uma qualidade desta forma de aplicar o memorando de entendimento, transformou-se num dos maiores perigos que hoje a nossa economia tem.”
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