domingo, setembro 02, 2012

É preciso que algo mude para que tudo fique na mesma?


A entrevista dada hoje ao DN é prova provada de que Francisco Louçã está a fazer os possíveis e os impossíveis para condicionar a futura liderança do Bloco, de modo a que o partido não se desvie um milímetro da estratégia de afrontamento à esquerda, para gáudio da direita. Na convenção do BE que se aproxima, a rábula da liderança bicéfala abafará a discussão da política de convergência à esquerda?

5 comentários :

Anónimo disse...

Quando é que se convencem que o PS é um partido de centro-direita, não de esquerda?

Anónimo disse...

O "Por amor de Deus" é uma referencia ao Rodrigo Moita de Deus, certo? :))
Esta esquerda escreve direita por linhas tortas.

Anónimo disse...

O PS é um partido realista, ponto.
Se se deixassem dessas merdas de " aquele menino é mais á direita do que eu" e se concentrassem no que de facto necessita o país e os seus cidadãos talvez as coisas não tivessem chegado ao ponto a que chegaram.

Victor disse...

O mais impportante desta entrevista é o Mefistófeles já fazer apelos a Deus. Todo o resto é foguetório próprio do trotskista mais básico da Humanidade.

Tiago Cabral disse...

A luta dentro de um partido atinge níveis por vezes demasiado próximos do que chamammos de baixa política, por vezes líderes tomam posições apenas e só para anular adversários, quando não inimigos, internos. O que Louçã aqui fez foi a tentativa de destruição de um partido político. A liderança, a nova liderança de um partido com as características do BE é bastante mais complicada que por exemplo no PCP. Ambos apostam na supremacia do colectivo sobre o individual, mas no PCP, uma estrutura herdade e feita para funcionar na clandestinidade, a mudança de líder acontece de forma planeada, pelo anterior poder, mas sem que nada respire para fora da sala onde se reune o comité central. O BE, apostado em mostrar desde sempre que representava uma esquerda moderna, radical nas suas opções, mas que quer captar os eleitores que por um lado não se reviam na coerência ortodoxa e colectiva do PCP, mas também não estavam bem com a deriva centrista do PS, na altura um PS católico de Guterres. Acreditava-se num eleitorado urbano, culto, jovem. Nunca foi fácil para Louçã aglutinar em si os diversos ismos que existiam, que existem, dentro do BE. Mascarado com bons resultados eleitorais, este problema foi andando despercebido, guardado dos holofotes. Com o desastre eleitoral nas últimas legislativas, altura sim para Louçã sair, a coisa rebentou no BE, com os mais radicais a baterem com a porta, julgando, enfim sonhando, com um qualquer prec, que lhes desse alguma notoriedade na sociedade civil. Não aconteceu, não acontece, nem irá acontecer.

Entende-se que Louçã ande fatigado, descrente (É a política uma acto de fé?). As lutas internas no BE desgastam e tantos anos como coordenador (o medo que a esquerda radical tem que o individual se sobreponha ao colectivo, originou chamar ao líder, um coordenador) levaram ao desfecho hoje conhecido. Louçã sai mas quer sair com a sua, que ele considera sua, quota parte do sucesso projecto BE. A sua mensagem, uma carta ao povo do BE, mais não é que uma política de terra queimada. Quem me suceder terá que começar do zero, pois o BE, este BE, é meu. Este terá sido o pensamento de Louçã.
E nada melhor que sabotar logo no começo.Louçã acha que uma liderança de um partido político deve ser bicéfala. Não Louçã, não deve. Se quer acabar com um partido sim deve ser bicéfala. Depois de mim, o deserto.