domingo, setembro 30, 2012

Expliquem-me como se eu fosse muito burro…

Magalhães e Silva, Alternativa à TSU:
    ‘Será que o País estupidificou?

    É que com o regime agora abandonado pretendia-se passar de uma taxa para a Segurança Social de 34,75% para 36%, logo, o efeito sobre o deficit era apenas de cerca de 500 milhões de euros, correspondentes aos 1,25% de aumento; no mais, o que se fazia era tirar 5,75% às empresas, adicionar-lhes 1,25%, e passar estes 7% para os trabalhadores. Mas o Estado só recebia a mais 1,25%. Então, para alternativa à TSU, só medidas de promoção das exportações, que era o que os 5,75% dados às empresas diziam visar. Ficar-se-ia, assim, à espera de medidas para as exportações, alternativas à baixa da TSU; mas afinal o que está na calha, à boleia do regime abandonado, são mais 7% de carga fiscal. Chega! Digam, de uma vez por todas, qual é o deficit e o que falta para o pagar; e deixe o espaço mediático de fazer de conta que mais carga fiscal é alternativa à TSU.’

Pacheco Pereira, COISAS DA SÁBADO: EXPLIQUEM-ME POR FAVOR:
    ‘De novo, as coisas não batem certo. Eu precisava que alguém as explicasse muito devagarinho e muito simples, como se eu fosse burro, mesmo muito burro. No dia fatídico do anúncio da TSU, Passos Coelho apresentou a medida como sendo uma esperançosa solução para combater o desemprego. Já ninguém se lembra, mas foi assim. Ou seja, o aumento da TSU não se destinava a combater o défice, mas a permitir às empresas financiarem-se, perante a míngua do crédito, com o retorno da TSU paga pelos trabalhadores.

    Havia uma referência muito confusa à decisão do Tribunal Constitucional, mas a confusão é uma regra das declarações do Primeiro-ministro, porque não se percebe o que é que uma coisa tinha a ver com a outra, dado que apenas cerca de 500 milhões ficariam nos cofres públicos para ajudar ao défice. Por isso, a correlação da decisão da TSU com o défice e o Tribunal Constitucional destinava-se apenas a fazer passar a medida por aquilo que ela não era. Na verdade, a TSU destinava-se a fazer baixar os salários, como pretendia uma parte da troika e António Borges, o que o governo tinha recusado liminarmente. Passos Coelho acabou por o admitir na entrevista, segundo momento fatídico.

    Tanto era assim que Vítor Gaspar no anúncio seguinte, o terceiro momento fatídico, e que durou duas horas, veio prevenir que para cobrir o défice deste ano e do próximo iria haver mais medidas de austeridade. De novo, no meio de mais uma linguagem confusa e entaramelada, Passos Coelho admitiu-o na entrevista, perante a perplexidade do entrevistador da RTP da área económica que bem lhe perguntava pela incongruência daquilo tudo e ele não respondia. De novo, o pobre Tribunal Constitucional veio à baila, mesmo quando nada tem a ver com o disparo do défice de 2012, ano em que a sua decisão não está em vigor.

    Por tudo isto, mesmo sendo muito burro, percebo que o aumento da TSU tinha pouco a ver com o controlo do défice de 2012, ou de 2013, e por isso não podia ser associada causalmente nem à crise financeira, nem ao Tribunal, a não ser por um curandeiro holístico que nos dirá que tudo tem a ver com tudo. E sendo assim, por que razão as medidas de novos impostos são anunciadas como destinadas a “substituir” a TSU? Alguém anda a enganar-nos, mesmo aos mais burros dos burros.’

1 comentário :

Anónimo disse...


Tenho cá a sensação de que são antes os mais burros dos burros que andam a querer enganar os medianamente espertos e até os mais lúcidos!

Sintoma claro da mais "elevada" burrice...

Sai mais um queijinho «Monte Barrão», da Herdade do Broges?