domingo, setembro 02, 2012

No aperto do perigo, conhece-se o amigo

      ‘(…) o ódio [republicano] aos jesuítas constituiu uma espécie de anti-semitismo da República. Aliás, algumas das medidas que Miguel Bombarda sugeriu contra os padres jesuítas (expulsão para uma ilha deserta, etc.) são semelhantes ao que os nazis alemães, alguns anos depois, pensaram fazer aos judeus, antes de se decidirem a exterminá-los (…)’

Rui Ramos é um homem com muitos amigos. Zé Manel Fernandes, ainda em estado de choque com as críticas de Loff ao brinde de Verão do Expresso, comunica-nos, nas páginas do Público de sexta-feira, que Ramos é “talvez o mais talentoso historiador da sua geração”. Não sem antes fazer a promessa de que voltará “ao tema”, Zé Manel Fernandes — sim, o Zé Manel em pessoa, ele próprio — avisa que descobriu que “se tem vindo a degradar, em certos sectores, o debate público instrumentalizado politicamente.” Não dá uma data precisa para esta tragédia, mas presume-se que isso se tenha intensificado a partir de Junho do ano passado, após as eleições.

Não sei se para confirmar a apreensão do Zé Manel, o Público do dia seguinte (ontem) abriu as suas páginas a mais uma amiga de Ramos, Filomena Mónica, que mostrou continuar em grande forma. Disse: “Li a História de Portugal coordenada por Rui Ramos, de ponta a ponta. O seu autor é de direita e eu sou de esquerda, o que nunca nos impediu de debater tudo e mais alguma coisa. Por uma razão: gostamos de controvérsia.” Mena, que é de esquerda, não elucida os leitores sobre a natureza das suas divergências com o amigo Ramos.

Com defensores assim, é capaz de não voltar a ser reeditada esta História de Portugal.

ADENDAEstrela Serrano: Radicalismo ideológico ou revisão do conceito de liberdade de expressão?

11 comentários :

jose albergaria disse...

É a velha questão das "escolas" historiográficas e a opinião de "amadores" sobre o modo de escrever a história.
Sabe-se que Rui Ramos ( o facto de ser de direita é irrelevante para o tópico em debate)é historiador e filiado na escola dita "positivista" que albergou Oliveira Marques, já falecido e que integra Vasco Pulido Valente, Filomena Mónica e Fátima Bonifácio, nomeadamente.
Entretanto, o que importa em história é a qualidade do historiador, respeitador do tempo, dos factos, provados, e da qualidade da narrativa.
Contudo o século XX viu emergir a grande Escolas des Annales, de Marc Bloch, substituido por Fernand Braudel, mas que pereceu face à Nouvelle Histoire, que integra grandes nomes franceses da actualidade e outros anglo-saxões, mais "interpretativos", menos a trabalhar o "período longo", mais juntos da "politica" e de outras disciplinas, ditas auxiliares (sociologia, psicologia, antropologia, economia, linguistica e etc.).
Mas, aquilo que importa, independentemente das "escolas" é o rigor do "tempo e da narrativa" que se deve atribuir ao historiador.
José Mattoso, o mestre dos mestres da historiografia portuguesa, ainda vivo, para nosso contentamento, considerou, em entevista dada ao Expresso, faz tempo, que Rui Ramos é um historiador honesto e trabalhador.
Quando se debate história e historiadores é isto que importa.
Quanto ao cidadão, às suas escolhas, ao seu tomar partido...isso já são outros cinco mil reis. E aí podemos divergir, podemos achá-lo "idiota" e até incompetente.
Eric Hobsbawm, provavelmente o maior historiador vivo (quase com cem anos: em 2017 antingirá a centúria)ainda hoje se assume como marxista militante, mas tal nunca o impediu, bem pelo contrário, de escrever das páginas mais rigorosas sobre a URSS, sobre Estaline e sobre o GOULAG.
Abraço.
J. Albergaria

ECD disse...

A táctica não é nova e, globalmente, principalmente no estilo, aproxima-se da utilizada pela “movida” dos intelectuais revisionistas de direita e extrema direita que nas últimas décadas tudo têm feito para « rever » a história do século XX: manipulando o « tempo » e «ajustando» a narrativa às premissas ideológicas, repetir e fazer repetir vezes sem conta a mesma leitura enviesada dos acontecimentos até que, por tantas vezes repetida, essa leitura se torne banal e seja tomada pelas « massas » como a boa leitura.
Com a publicação em fascículos da sua História de Portugal Rui Ramos matou de uma só cajadada dois coelhos: ganhou uns cobres, levou a “boa palavra” a uns quantos milhares de leitor do Expresso.
Todavia, ao invés de muitos encartados colunistas de direita que defendem os mesmos propósitos revisionistas mas que só têm como mais valia o de facto de meramente serem reaccionários, Rui Ramos controla com incontestável proficiência os instrumentos de trabalho dos historiadores. Neste aspecto, diria técnico, está a milhas de distância daqueles que nos últimos dias publicamente têm tomado as suas dores como se fossem dores deles! Como a sabedoria popular nos ensina, por isso muito mais capaz de levar a água ao seu moinho ou, se quisermos, muito mais perigoso!

Anónimo disse...

Tenho vindo a ler os fascículos da História de Portugal, que acompanham o Expresso. Quer-me parecer que o autor procede a um revisionismo histórico a a um branqueamento do Estado Novo. No volume 8, saído ontem, chega mesmo a comparar o regime salazarista com a democracia sueca ou a italiana, já sem falar da França gaullista! Tenham dó!
Branqueia o 28 de setembro de 1974 e a tendência putchista de Spínola.
enfim, quem viveu esses tempos mais recentes, logo tira a pinta ao historiador.

Fernando Romano disse...

MFilomena Mónica à calhoada.

No "Público" de ontém, 1/9/12, MFMónica atira-se (e de que maneira...) a Manuel LOFF em defesa do seu Rui Ramos das histórias revisitadas, que revisiona.

Selecionei algumas frases de MFM, que cito.

-"Basta ver o que diz sobre as liberdades fundamenais na I República e a mistura que faz entre Salazarismo, Fascismo italiano e Nazismo alemão para se constatar o que vai naquela cabeça. Se fosse apenas estúpido, não estava a escrever este artigo".

Pensei então que ela ia finalmente embrenhar-se na controversia.

o que se seguiu foi isto:

-"Nunca ouvi falar de Manuel Loff e teria vivido bem sem com ele me ter cruzado nas páginas deste jornal".

-"Suponho que a direção não o chama à pedra devido ao medo de ser acusada de censura"

-"Não se trata de uma polémica entre historiadores, um de esquerda e outro de direita...."

-"O que Loff não entende, ou não quer entender, é que não se trata de um debate, mas hipótese menor, de uma série de dislates proferidos em nome da ideologia (....) por parte dos meios da esquerda delirante, para impedir que, nas universidades, os alunos tenham acesso a livros que possam pôr em causa o que os professores lhes dizem nas aulas".
(Onde é que já ouvi isto.? Alunos desta Professora voltem às Sebentas!)

-"Li a História de Portugal, coordenada por Rui Ramos, de ponta a ponta" - vou arriscar: não estará a mentir?...

-"O seu autor é de direita e eu sou de esquerda, o que nunca nos impediu de debater tudo e mais alguma coisa. Por uma razão: gostamos de controvérsia"

-"Loff distorce o que aparece num livro que vendeu milhares de exemplares...".
(Vamos todos ler Paulo Coelho! )

Mas para quem nunca ouviu falar em Manuel LOFF (como ela), surpreendam-se com esta do mesmo artigo da nossa Santinha:

-"Para um Marxista-leninista (não sei nem me interessa saber,em que partido, se algum, está LOFF filiado), a depurpação de um texto é uma arma perfeitamente legítima."

E remata com esta pedrada ao jornal "Público":

-"Só tenho pena que o MEU JORNAL tivesse sido o veículo através do qual um "historiador" medíocre tenha podido mentir com impunidade!"
(as maíusculas são cá do brotas. Pensem bem se o jornal fosse do merceeiro Soares dos Santos!)

Mas recordemos o que escreveu esta Santinha, danada para a calhoada, no "Expresso" de 16/4/2011:

"Desde 1974 que voto no Partido Socialista. Por isso me entristece o que lhe tem acontecido. Ao longo dos últimos seis anos de governação, o primeiro-ministro teve uma única ideia, o "plano tecnológico", e até essa é um disparate. Além disso, mentiu, mentiu, mentiu e voltou a mentir."

Mais deste mesmo artigo, e concluiremos que é msmo uma Santa:

"Não se pense que foi uma doutrina que me empurrou para a esquerda. A proeza ficou a dever-se ao comportamento da direita nacional. O Portugal dos anos 1950 era de tal forma desigualitário que me era impossível aceitar pacificamente a minha posição social. Os adultos podiam -e tentaram- explicar-me que "pobres sempre os teríamos entre nós", lição que nunca me entrou na alma. Os amigos de infância ainda me consideram "comunista", enquanto os colegas universitários pensam que sou "reaccionária". (...) Deixei de pensar que o capitalismo era um mau sistema, admitindo ser uma forma de organização económica compatível com regimes diversos -basta olhar os EUA e a China- mas tal não me aproximou da direita.
------------------
Nota final: O "Público" pregou-lhe grande partida, lá publicou o artigo na penúltima página, dedicada a "Debate", na "direita alta", sem foto, nada usual.

Anónimo disse...

Convenhamos que ter a mena mónica como defensora acérrima do nosso trabalho não é bom cartão de visita para a credibilidade do mesmo.
Há pessoas que , apesar das boas intenções, conseguem piorar o que já de si é uma situação pouco lisonjeira para o escritor em causa.A mena mónica é uma delas.

Victor disse...

A Filomena diz que não conhece o professor Loff. Ou é do contacto com o sociólogo da fundação do merceeiro holandês, ou então é da "provecta idade" da senhora. Já quanto ao sujeito aue pertenceu a um grupo que estudou a televisão a pedido do "licenciado à pressa", e já não vê a RTP 2 há muito tempo, já nã vale a pena gastar cera com tão ruim defunto. Um Boçal com mania de intelectual.

Anónimo disse...


É nas dificuldades que se conhecem os amigos!

Depois das manifestações de solidariedade do Fernandes e da Mónica temos hoje no Público a do Espada. E fez muito bem; como muita gente lhe aponta um lugar central na produção do discurso direita em Portugal* ficaria mal não ser solidário com um seu confrade, para mais camarada de Oxford.

*Espada em termos de organização de grupos e de task force de produção de ideias tem uma experiência antiga na UDP, na Voz do Povo e na Comissão Politica do PCP(R), nos anos 1970 e 1980 o mais Marxista-Leninista dos grupos comunistas portugueses. É pena que estas actividades não venham no seu currículo; como que há um buraco de 10 anos na vida de João Carlos Espada. E ele que no seu CV é tão detalhado que até não se esqueceu de referir que é sócio do Estoril Tennis Club e do Estoril Golf Club.

http://www.coleurop.be/w/JoaoCarlos.Espada

Teófilo M. disse...

Fico sempre um pouco admirado por estas polémicas em que se contam espingardas.
Rui Ramos, bem poderia responder a Loff, mas pelos vistos prefere deixar que outros o defendam. É pena, porque o que poderia tersido um belíssimo debate acaba em gente a medir a pilinha uns dos outros.

Anónimo disse...


Porque será que a socratagem não topa o historiador Rui Ramos e já agora a Dra Maria filomena Mónica? Expliquem-se para percebermos melhor. Enfim quem não pensa como a socratice é contra ela, onde é que eu já vi coisa semelhante!!!

João das Regras disse...

Saudando o regresso deste blogue ao activo, copiei e colei, ainda que truncado na parte final - que não retira significado a este texto -, o comentário que deixei noutro blogue sobre esta "polémica". Outra nota prévia: o tonto direitolas das 15:40h que aproveite o começo do ano lectivo, que ainda há lugares vagos em muitas escolas primárias.

O desfile de anormais é demasiado para qualquer cabeça verdadeiramente pensante: Fernandes, Mena, Espada, Ramos e Barreto, quais Cinco Mongos do Apocalipse.

Ramos – O pseudo-historiador que se esquece da perseguição pombalina aos jesuítas – a par da perseguição e expulsão dos judeus, um erro histórico que ainda hoje nos custa bem caro -, mas que prefere atirar o seu ódio para cima da Primeira República. Não que a Primeira República não mereça uma visão diferente dos acontecimentos, mas já tresanda a procura desenfreada de atenção por via de criação de polémica fútil, Quiçá o menos mau dos cinco;

Fernandes – Nem escrever sabe (“vide” relatório da Comissão de que recentemente foi parte integrante), é mais uma arrastadeira imbecil oriunda da mais cobarde e histérica extrema-esquerda. Consta que gosta que lhe chamem “Dr.”, mas também consta que não terminou qualquer curso superior; pouco releva que tenha ou não terminado neste país de doutores da mula ruça, mas aposto que faz a folha a qualquer puto candidato a jornalista lá no seu pasquim que enfeite um pouco mais o seu C.V.. Curiosamente, foi apoiante acérrimo de George W. Bush e sequazes, nos idos de 20003, aquando da Cagada do Iraque (desculpem-me a linguagem);

Barreto – Mais um antigo extremista esquerdóide, que se metamorfoseou em Ministro traidor dos ideais que dez anos antes apregoara; hoje em dia, depois de uma carreira académica medíocre num instituto de igual qualidade (sempre levado ao colo por políticos à esquerda e à direita), é um funcionário de luxo do Pingo Doce. Um gajo que diz que operar pessoas depois dos setenta pode ser uma opção discutível merece é que o mandem em péssimo estado para o hospital, para experimentar um pouco das suas fabulosas “teses” sobre saúde pública. Absolutamente repugnante, um nojo da maior espécie. Até um/a operador/a de caixa da dita cadeia de supermercados é mais honesto/a do que esse verme do Barreto;

(continua)

Anónimo disse...

Anónimo das 03:40, se têm de perguntar porque se acha aqui as personagens referidas de verdadeiro lixo intelectual é porque não têm inteligencia para compreender a resposta.
O lixo intelectual não precisa de justificação. Quem têm dois neurónios sabe reconhece-lo de imediato e em qualquer lado, quem não os têm faz a pergunta que o anónimo fez. Pense lá bem a que grupo quer pertencer.