No início deste mês, a troca de 3,7 mil milhões de euros de dívida pública de uma obrigação que vencia em Setembro de 2013 por outra que vencerá em Outubro de 2015 foi anunciada com pompa e circunstância por Vítor Gaspar: “Portugal regressou hoje aos mercados de obrigações”, afirmou a 3 de Outubro, numa sessão pública em que também evidenciou o sucesso na colocação de Bilhetes do Tesouro.
Esta e outras operações que ocorreram no mercado da dívida em 2012 levaram o Governo a anunciar, primeiro, a recuperação da confiança dos investidores externos e, dois meses depois, o regresso com fanfarra aos mercados.
Acontece que, em Agosto, o Público, tendo em conta dados revelados pelo Banco de Portugal, mostrava-se surpreendido com este número de revista montado pelo gabinete de Vítor Gaspar:
- ‘De acordo com os dados divulgados ontem pelo Banco de Portugal, havia em Junho apenas 276 milhões de euros no stock de dívida de curto prazo (títulos até um ano) nas mãos de investidores não-residentes. Este valor, que representa uma queda de 81% face ao final do ano passado, atirou o peso dos credores externos para o nível mais baixo de que há registo: só 2% da dívida de curto prazo está nas mãos de investidores estrangeiros. Estes números reflectem a ausência de credores externos nos leilões de curto prazo que o Estado tem vindo a realizar e também o facto de estes se terem vindo, progressivamente, a desfazer da dívida nacional no mercado secundário. E agravam os receios de que o país não seja capaz de voltar aos mercados de médio e longo prazo no segundo semestre de 2013, tal como está previsto no acordo da troika, obrigando a um prolongamento da ajuda europeia.’
Entretanto, o ministro foi-se recusando sempre a divulgar a percentagem da participação da banca nacional (e da segurança social) nesta montagem teatral para português ver (e a banca portuguesa ganhar dinheiro sem ter de se incomodar a financiar a economia). Na quarta-feira, instada a esclarecer a questão, a secretária de estado do Tesouro e (então ainda) das Finanças, Maria Luís Albuquerque, acabou por reconhecer a custo que a procura dos títulos está a ser garantida pelas instituições financeiras nacionais: “Nesta troca há uma predominância dos investidores portugueses”.
Hoje, na Assembleia da República, João Galamba pediu a Sua Ex.ª o Ministro de Estado e das Finanças que esclarecesse cabalmente a questão. A não-resposta de Gaspar é uma resposta — a confirmação de que o anúncio do regresso aos mercados é notoriamente exagerado.
1 comentário :
Até parece que estou a ver os cordelinhos que este gasparzinho tem nos punhos, puxadinhos pela sra Merkl.
A pose na foto não engana : não é um homem, é um boneco amestrado.
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