terça-feira, dezembro 11, 2012

Quando a caridade disfarça o ataque ao Estado Social



      Sou mais adepta da caridade do que da solidariedade social…

Não é de excluir liminarmente que a posição de Isabel Jonet resulte da necessidade de defender o negócio que tem em mãos. Mas a senhora, ao reconhecer na estrevista ao i que o seu negócio não chega para as encomendas, está a fazer um elogio involuntário às políticas públicas.

Que seria dos pobres deste país sem os apoios do Estado? Veja-se: de acordo com o Eurostat, a taxa de risco de pobreza foi de 19% em 2007 e de 18% entre 2008 e 2010. Se não tivesse havido apoios sociais, a taxa de risco de pobreza teria subido para mais de 40%.

Mas Jonet prefere a “caridade” — um acto que pode ser meritório, mas que depende da vontade e da disponibilidade de cada um — à “solidariedade social” — que resulta da redistribuição dos rendimentos através dos impostos.

Ao revelar esta sua preferência, a presidente do Banco Alimentar está a fazer o que sempre faz nas suas constantes aparições na comunicação social: aproveitar o palanque da caridade para o seu persistente combate contra o Estado Social. Seria bom que os defensores da caridade estivessem mais atentos à praxis teórica de Isabel Jonet, sempre em sintonia com as posições mais retrógradas da sociedade.

16 comentários :

Anónimo disse...

PELO MENOS AGORA NÃO HÁ DÚVIDA. VAMOS LÁ TODOS TRATAR DE ARRANJAR O NOSSO POBRE OU O NOSSO RICO, CONSOANTE O CASO.

Anónimo disse...

Esta senhora Jonet não precisa de "interpretadores" ou "tradutores", pois o seu discurso coincide claramente com as ideias da direita mais reaccionária.
Não compreendo esta mania da direita e mais os seus "interpretadores" oficiais. Quando um direitista diz uma bacorada qualquer, lá vem o Marcelo ou o Pacheco "traduzir" o que estava implícito. Não há nada para traduzir: o discurso é claro e a bacorada faz parte do programa, é natural, e estranho seria se não viesse incluída com o "pacote".
O que a Jonet diz, sem papas na língua, é o que esta gente que por aí anda (e está no governo) pensa mas tem pejo em dizer.
A entrevista é, toda ela, um programa: caridade contra direitos; submissão contra dignidade. Haja alguém que, sem pudores mesquinhos, seja a voz da direita que nos calhou na rifa. A Jonet cumpre muito bem esse papel.
Caridade, ódio aos imigrantes, peninha por, na Europa actual, já não se poder suspender a democracia, etc.
A diferença entre PNR e "direita civilizada" é cada vez menor. E os da segunda vão perdendo a vergonha.
Esta gente tem de ser removida do governo, por uma questão de básica higiene social, política e económica.

Fradique Mendes disse...

Lamentavelmente reaccionárias e de sacristia as declarações da sra. Isabel Jonet.

Anónimo disse...

Esta gaja tem mentalidade da idade média.Esta crise, apesar da desgraça que se abateu sobre os Portugueses, tem o condão de revelar toda esta escória fascista que estava, para aí, em estado latente.Em vez de combater a pobreza esta canalha querem-na perpetuar.E assim vão garantindo o tacho!!! GENTE RELES SEM VERGONHA QUE VIVEM ÁS CUSTAS DA DESGRAÇA ALHEIA!!!

Unknown disse...

Ao que isto chegou!!!! Fosca-se....

Anónimo disse...

"Ao contrário da solidariedade, que é horizontal e dá-se entre iguais, a caridade é de cima para baixo, humilhando aqueles que a recebem e nunca desafiando as relações de poder implícitas." - Eduardo Galeano

fec disse...

desta vez estou de acordo com as criticas a Isabel Jonet

e, como indico no meu post, penso que a senhora nunca experimentou dificuldades a sério

Anónimo disse...

Sou só eu que vejo uma sósia para pior da Katie Battes no "Misery"?

altaia disse...

acho que a senhora estava era com medo de perder o tacho mas com esta governança abrem-se-lhe melhores horizontes para o futuro. ou será que estou enganado?

Anónimo disse...

Caridade é o negócio que está a dar.

Pena dos pobres, coitados disse...



A caridadezinha é um negócio com muito futuro!

«Vamos lá brincar à caridadezinha: festa, canasta e boa intençãozinha!»

(José Barata-Moura).

Conde de Oeiras disse...


É nestes momentos de crueza que o trigo se separa do joio!

Isabel Jonet já faz parte da água do banho há muitos anos, mas só agora é que isso fica nítido para todos.

Pela minha parte, o BAcaF levou foi RASPAS, no último peditóriozinho canalha e insultuoso.

A Caridade é um assunto estritamente privado. Cada um que a faça à sua maneira e em silêncio. Porque a sua necessidade ofende-nos a todos!

Anónimo disse...

Isabel Jonet não aprende.
Como estupida reaccionária que é volta a cair no mesmo erro.
Um conselho, minha senhora : faça lá a sua caridadezinha mas se quer que o negócio continue de vento em popa esteja pelo menos caladinha.

BUÍÇA (Séc. XXI) disse...



Olhem bem para a tromba destes montes de estrume abjectos: estão todos muito bem, a seguir as suas vidinhas, mas a carinha deles é toda igual e vai-nos permitir não nos enganarmos a separar o trigo do joio no dia em que os defrontarmos nas ruas, cara a cara.

Rosa disse...




Subscrevo integralmente o comentário do Anónimo de 11 Dez, 6. 08 pm.
Ou não perafraseasse Eduardo Galeano...

Assurbanípal disse...




NÃO VAMOS BRINCAR À "CARIDADEZINHA":


http://www.youtube.com/watch?v=ZHieMBabirY


(e aproveitem para visionar também o fabuloso documentário sobre Transportes Urbanos realizado, com mestria e profissionalismo inexcedíveis, em 1974 e transmitido, em 1975, pela nossa querida RTP, no tempo do Vasco Gonçalves...)!