sexta-feira, fevereiro 08, 2013

Maçãs podres

• Fernanda Câncio, Maçãs podres:
    ‘"Se fosse comigo, não teria dúvidas em afastar-me se me visse envolvido numa situação destas". Isto era Nuno Melo em 2009, a falar de Dias Loureiro, ex-administrador da SLN (que detinha o BPN) e então conselheiro de Estado do presidente Cavaco. Declarações nas quais o deputado centrista era acompanhado pelo então cabeça de lista do PSD às europeias, Paulo Rangel, e pelo - hoje ministro - Pedro Mota Soares, que, quando a demissão ocorreu, afirmou: "O doutor Dias Loureiro fez finalmente aquilo que já devia ter feito e que o CDS já tinha pedido."

    Então, como hoje, o presidente do CDS era Paulo Portas (também agora ministro), que não se ensaiou em aconselhar Loureiro a "evidentemente sair e facilitar a vida ao Chefe do Estado". O motivo, para Portas, era claríssimo: "O que aconteceu no BPN é de tal maneira grave que é preciso tirar consequências. O BPN é de tal maneira uma organização criminosa que abusou da confiança dos outros que é preciso cortar as maçãs podres."

    Menos vigorosos na vituperação, vários dirigentes do PSD, incluindo Rui Rio e António Capucho, aplaudiram a demissão do correligionário; até Luís Filipe Menezes (que abandonara a direção do PSD em 2008) tinha já apelado a ela. E Passos Coelho, então candidato derrotado à liderança do PSD e líder da oposição interna, não se eximiu de dizer (em novembro de 2008) de sua justiça: "Há um conjunto de polémicas que apontam para que alguém não está a falar verdade e isso é, de facto, um incómodo para a Presidência." Atacando a orientação da então líder Manuela Ferreira Leite, defendeu que o partido deveria "ter tomado a iniciativa de viabilizar uma comissão de inquérito". Para, viperino, prosseguir: "Ao não fazê-lo pode dar a ideia errada que protege alguma informação."

    (...)

    Poderia até sonhar ouvir, na mesma assembleia onde foi questionado como membro de quadrilha, um pungente ministro descrevê-lo como vítima de "linchamento político".’

1 comentário :

Anónimo disse...

Os "pela boca morre o peixe" deste governo são tantos que já lhes perdi a conta.
É de facto épica a maneira como esta gente se contradiz em tudo o que fazem e dizem.
Só mesmo a falta total de vergonha na cara ( e portanto uma educação digna desse nome ) poderão levar estas bestas a fazerem e dizerem o que têm feito e dito desde que se alaparam ao poder.
Gente menor mandando num povo secular...não há povo que se envergonhe e tome a resolução das coisas nas mãos?!