sexta-feira, fevereiro 15, 2013

Passos resolveu reagir a tudo isto com uma enervante tranquilidade, própria de quem não tenciona tomar nenhuma medida para enfrentar o problema


      "Os números hoje divulgados são números preocupantes, estão razoavelmente em linha com as previsões do Governo".
        Passos Coelho, quando foram divulgados os dados sobre a tragédia do desemprego

• Pedro Silva Pereira, Razoavelmente em linha:
    ‘O Governo tentou desmentir a espiral recessiva mas a espiral recessiva encarregou-se de desmentir o Governo. Ao contrário das falhadas previsões de Gaspar, os números do INE não enganam: em 2012, a recessão em Portugal agravou-se para o dobro (-1,6% em 2011 e -3,2% em 2012). E não vamos ficar por aqui. Ao que se percebe, o Governo, apesar de todas evidências, insiste em manter a sua opção por uma austeridade "além da troika" e isso, evidentemente, terá um preço: vamos para o terceiro ano de uma recessão profunda, sem precedentes na história da democracia portuguesa. Nunca aconteceu uma coisa destas.

    Vale a pena consultar os registos. Desde a normalização democrática, em 1976, até à crise internacional de 2008-2009, Portugal viveu 4 anos de recessão económica: em 1983 e 1984 (no Governo do Bloco Central, com Mário Soares), em 1993 (com Cavaco Silva) e em 2003 (com Durão Barroso e Paulo Portas). Destes, o pior registo foi o alcançado por Cavaco Silva em 1993, com uma quebra de -2% do PIB. Depois disso, a economia portuguesa só voltou a recuar em 2009, durante a recessão global que por essa altura atingiu todos os países. Sujeita a condições externas anormalmente severas, a economia portuguesa caiu então -2,9% (estava Sócrates no Governo), para recuperar logo em 2010, ano em que já cresceu 1,9%.

    Estes dados ajudam-nos a colocar em perspectiva a gravidade da situação actual: depois de já ter sofrido uma queda acentuada em 2011, a economia portuguesa caiu em 2012 mais do que em qualquer outro ano na história da democracia portuguesa, incluindo o ano da maior recessão global dos últimos 80 anos. E vai cair ainda mais. É obra!

    Os efeitos desta situação sobre o emprego são dramáticos. Como revelou o INE esta semana, no último trimestre de 2012 a taxa de desemprego atingiu o valor impensável de 16,9%, furando a estimativa do Governo para a média anual de 2012 (que se fixou nos 15,7%, acima dos 15,5% previstos por Vítor Gaspar). Pior: este valor compromete desde já a previsão do Governo para a taxa média anual de desemprego de 2013 (16,4%), na base da qual foram calculados os encargos com subsídios de desemprego na elaboração do Orçamento deste ano.

    Também aqui vale a pena consultar os registos. Convirá lembrar que ainda há pouco, em Junho de 2011, quando o actual Governo entrou em funções, a taxa de desemprego estava em 12,1%, contabilizando-se 675 mil desempregados. Agora, apenas um ano e meio depois, a taxa de desemprego disparou para os 16,9%, registando-se 923 mil desempregados. Nunca se viu nada assim: uma subida de 4,8 p.p. na taxa de desemprego e um aumento de 248 mil desempregados em apenas dezasseis meses!

    O mesmo se diga do número de pessoas com emprego. Esse número era de 4893 mil em Junho de 2011 e passou para apenas 4531 mil no final de 2012. Contas feitas, a economia portuguesa registou uma destruição líquida de emprego de 362 mil postos de trabalho em apenas ano e meio!

    Para espanto do País, o Primeiro-Ministro resolveu reagir a tudo isto com uma enervante tranquilidade, própria de quem não tenciona tomar nenhuma medida para enfrentar o problema: "isto ainda vai piorar", garantiu ele, não fosse alguém embandeirar em arco. E acrescentou: está tudo "razoavelmente em linha" com as previsões do Governo. Só nos faltava mais esta: o comboio descarrilou e o maquinista não deu por nada.’

7 comentários :

Cavalo de ferro disse...



Ou melhor: o comboio está a descarrilar, "em câmara-lenta", e o maquinista vai observando tudo impávido e dizendo aos passageiros que "está tudo em linha" com o que lhe explicaram na sua formação profissional!


Sim, e continuará "tudo em linha", mesmo quando as rodas todas já estiverem fora da Linha...


O problema, portanto, deixa de ser o maquinista e passam a ser... os passageiros.


Impávidos ficaremos todos, também, até quando?

Edgar disse...

A mais absurda e insensata "impavidez" é do PS que, afirmando o que afirma, continua "agarrado" ao memorando e à troika, sabendo que com esta políticas, mesmo que a economia, por inexplicável milagre volte a crescer às taxas anteriores à recessão Portugal não terá qualquer possibilidade de pagar a dívida e demorará décadas a recuperar a riqueza destruída.

Até quando se vai manter esta enorme mentira?

Anónimo disse...

Um primeiro ministro que sabe que as suas previsões se vão concretizar , no caso do desemprego, e se orgulha disso não é um primeiro ministro. É um traidor á pátria.
No calabouço já!

Anónimo disse...

Nãso se esqueçam do Sócrates em Paris!

Alexandre

Olimpico disse...

Durante o debate QUINZENAL, quando, das bancadas do publico, se começou a ouvir o GRANDOLA Vila Moreno, em simultâneo, começou a sentir-se um cheiro à " Lerda", vindo das bancadas do Psd/PP....O medo da revolução, causou diarreia....e mau cheiro...Ainda não estará para já....A revolução.

Anónimo disse...

Lamento, leitor Alexandre, mas o mal que Socrates de Paris possa ter causado em termos de desemprego nunca estará ao nivel da destruição que este imbecil PM que temos já causou.E o mesmo afirma, com orgulho, que não parará por aqui.
Por mais mentiras que o mesmo diga, por mais tentativas de branqueamento que os seus acólitos façam, o povo sabe. O povo que está neste momento sem emprego sabe, as suas familias sabem, os seus amigos sabem, os seus ex-colegas de trabalho sabem.
O povo sabe e nunca vos irá perdoar.Nunca.Traidores.

Olimpico disse...


É verdade Sócrates vai estando em Paris, Lisboa e até Viana do Castelo!!!! é isso crime? Alguém se preocupa saber por onde andam os ACUSADOS dos roubos aos Bancos, e descobrir o esconderijo dos milhões.
Estão no Parlamento Portugês, os verdadeiros responsáveis pela queda do Governo PS, que levou ao poder A JSD/com Paulo Portas.
Não sabiam antecipadamente, os homens do PCP/PEV/BE, que depois do que fizeram vinha a direita pura e dura? Agora, tentam mobilizar os POrtugueses, mas estes
continuam a ter dificuldades em aderir. Vão mais fàcilmente, com mais riscos, à mobilizações como a de 15 de Setembro do ano passaado!!!!! e vai ser numa dessas movimentações que o Governo vai caír, para mal do "pecados" do CGTP/PCP/BE.