sexta-feira, abril 12, 2013

Eurostat desmente a teoria da "década perdida"


• Pedro Silva Pereira, Educação: a narrativa do Eurostat:
    ‘Das duas, uma: ou são falsos os dados do Eurostat e do Conselho Nacional de Educação que atestam o enorme progresso alcançado pelo nosso sistema educativo nos últimos anos ou é falsa a teoria da “década perdida” que a doutrina oficial tem apresentado para sustentar uma ofensiva generalizada contra o Estado e a escola pública.

    Talvez seja melhor dar atenção aos factos. Ao publicar esta semana os indicadores sobre a evolução recente da educação na União Europeia, o Eurostat apresentou uma conclusão clara, que dá que pensar: Portugal foi o País da União Europeia onde o abandono escolar mais diminuiu. Na verdade, a percentagem de jovens portugueses entre os 18 e os 24 anos que não concluíram o ensino secundário baixou, entre 2005 e 2012, de 38,8% para 20,8%, ou seja, baixou para quase metade em pouco mais de meia dúzia de anos! Sem perder a sua tradicional sobriedade, o Eurostat não hesitou em classificar a evolução registada em Portugal como "a mais notável" em todo o espaço europeu.

    O progresso foi igualmente substancial ao nível do ensino superior: os dados do Eurostat mostram que, também entre 2005 e 2012, a percentagem de portugueses com o ensino superior concluído, na faixa etária entre os 30 e os 34 anos, subiu de 17,7% para 27,2%.

    Este assinalável progresso foi confirmado pelos dados divulgados esta semana pelo Conselho Nacional de Educação. Do seu Relatório referente a 2012, destacam-se três aspectos de vital importância: I) há cada vez mais alunos a frequentar o ano adequado à sua idade; II) muitas escolas públicas de regiões mais desfavorecidas conseguem obter resultados acima da média nacional; e III) os alunos portugueses têm vindo a obter uma melhoria significativa de resultados nos testes de comparação internacional de competências, em áreas como a matemática, as ciências e a leitura.

    Acontece que o problema das qualificações não é um problema qualquer. Pelo contrário, um dos raros consensos nacionais consiste no reconhecimento de que o défice de qualificações constitui o mais sério obstáculo estrutural à competitividade da nossa economia. Sendo assim, quando o Eurostat nos diz que Portugal teve no combate ao abandono escolar a melhoria "mais notável" de toda a União Europeia, o que realmente nos está a dizer é que, na última década, Portugal teve resultados "notáveis" na questão mais decisiva para o futuro da sua competitividade. A conclusão impõe-se, pois, com absoluta clareza: os dados do Eurostat sobre os progressos de Portugal na área da Educação desmentem frontalmente a teoria da "década perdida".’

3 comentários :

Poupar Melhor disse...

Embora não deva ser o caso, o Eurostat não está isento de falhas.
No caso do preço do kWh da electricidade, as falhas são claras:
http://www.pouparmelhor.com/praticas/precos-da-electricidade-erse-eurostat-pordata/
A.Sousa
Poupar Melhor

Anónimo disse...

Estarão eles a tomar em linha de conta as Novas Oportunidades? Só pode!
Ou seja, Portugal no ensino anda a melhorar nas estatísticas, mas a piorar na qualidade!
É anedótico que se faço o 12º ano a escrever a "História da Sua vida" (quando é o próprio que a escreve), e depois se vir dizer que se está a fazer progressos! Santa ignorância!

Anónimo disse...

As leituras de números e opiniões, nomeadamente do eurostat necessitam de verdade e objectividade que nenhum político tem e que as normas internacionais impõem como declaraçºao e interesses, ora este caríssimo sr. tem interesse nas interpretações que faz portanto devem ser lidas com esse sentido ...