quinta-feira, abril 18, 2013

“Precursores do processo de revisão constitucional de Teixeira Pinto/Passos Coelho, e do abandono flagrante de toda a tradição social-democrata no PSD de Passos”

• José Pacheco Pereira, Os enormes estragos feitos ao PSD (2) [hoje na Sábado]:
    ‘Faça-se a justiça de dizer que as raízes dessa destruição [do PSD] já vêm de antes. Cavaco, Barroso, Santana Lopes e Menezes ajudaram muito a um processo simultâneo de aparelhização e descaracterização política do partido, que de um modo geral actuam em conjunto. Perda de identidade político-ideológica, de modo a abrir caminho a todas as manobras de sobrevivência do aparelho e às suas carreiras, é um processo que caminha a par e passo.

    A tentação que Loureiro passou a Cavaco de um discurso de back to basics, de Deus, Pátria e Família, o culto de personalidade pessoal do "menino guerreiro", a displicência de Barroso e Lopes com um PSD classificado como de "direita" são precursores do processo de revisão constitucional de Teixeira Pinto/Passos Coelho, e do abandono flagrante de toda a tradição social-democrata no PSD de Passos.

    Tudo se abandonou: da noção metapolítica da "dignidade humana" ao valor ético do trabalho, substituídos por um discurso economês e uma prática de voltar costas à classe média, esteio do partido, e ao seu core de self-made men, entregues ao desemprego estrutural, à destruição do tecido das pequenas e médias empresas e a todos os mecanismos que deveriam garantir, na tradição social-democrata, a mobilidade social para cima e não o empobrecimento para baixo.

    Se se tratasse apenas de identificar um processo tido como inevitável, ou uma impotência de momento, não se admitiria, mas compreender-se-ia. Mas não, este "ajustamento" é visto como uma simultânea punição da classe média e um instrumento de "libertação" da sociedade que nada mais é senão uma co-gestão governativa com a troika e a banca, cuja única racionalidade é a interiorização dos interesses dos credores.

    Do programa genético do PSD, ou da sua tradição com origem em Sá Carneiro, já quase não há nada no topo do partido. Estamos no período do "programa da troika é o programa do PSD", como disse Passos.’

7 comentários :

À, bruto, disse...



Este é o Zé Pereira das Terças, Quintas e Sábados, quando não chove.


O dos ataques cobardes a Sócrates é o Dr. Pacheco das Segundas, Quartas e Sextas, quer chova no nabal, quer faça Sol na eira.


Ao José Pacheco Pereira ex-maoísta e menos metaprocupado com digbidades e éticas apenas lhe "lembro" o seguinte: o PSD de Passos Coelho que o Zé Pereira critica porque sim é o mesmo PPD de Sá Carneiro, sem tirar nem pôr. E este mito de um PSD de Sá Carneiro, "social-democrata" e muito "ideológicamente elaborado", era para ter sido mas era o PPD de Sousa Franco, Sérvulo Correia, Mota Pinto e alguns outros (os tais que bateram com a porta e fundaram a ASDI). Mas não foi, nunca.

Pobre Pacheco, onde é que tu estavas em 1980, quando o PPD de Sá Carneiro tentou fazer isto tudo que o Teixeira Pinto quer fazer hoje, com base na eleição de um Presidente como Soares Carneiro, ex-comandante do Tarrafal? Estavas ainda a comer papas de aveia e a estudar o livrinho vermelho, certo?

Anónimo disse...

só me fazem rir

Foi uma pena José Sócrates não ter convidado JPP para nenhum cargo público nos tempos do seu reinado.

Fazia muito sentido. Hoje, podiam circular nos corredores das televisões - de mãos dadas. Eles... os sábios

Fernando Romano disse...

JPPereira e a angústia de um intelectual que renegou a história, a qual, para ele, não passa de uma série de desenvolvimentos sociais. E no entanto fez-se história em Portugal de 2005 a 2011. Mas JPPereira decidiu concluir que os anteriores governos e seus protagonistas e a sociedade em geral estavam enganados, culpando até um indivíduo - o seu principal protagonista! Estranha posição esta, a de um historiador! Ninguém se enganou nesse movimento implementado para construir um novo ciclo histórico. Era uma exigência histórica, política, económica e cultural de uma sociedade, a nossa, - a criação de um novo ciclo histórico, que deitasse abaixo as tradicionais barreiras asseguradas por um "partido" frentista, em forma de bandos, cujo primeiro grande chefe foi Sá Carneiro, seguido pelo actual Cavaco Silva. De ambos é JPP muito admirador. E ei-los, de novo, cerrando fileiras em torno de Cavaco Silva, em séria desavença, como é próprio do espírito de bando. Entre eles há os que se dedicaram à pilhagem em 1985/1995, e nunca mais pararam de o fazer até hoje. E pilham tudo: bens, a democracia e o futuro dos portugueses e de Portugal.

Ainda bem que inclui neste frentismo de bandos o Durão Barroso, o que fez de Miguel Relvas seu braço direito. A história é implacável, apanha-nos a todos. E apanha também o Dr.José Pacheco Pereira, que, por muito que faça, não conseguirá escolher esta ou aquela forma social para os portugueses. Como não conseguirá fazer esquecer o caminho que foi desbravado nos consulados de José Sócrates. Todos os dias saltam bons exemplos desse período histórico. A força da história é implacável, às vezes basta um "Magalhães".

Aprecio, comovo-me até, com a luta que trava JPP contra este governo e os bandos que o apoiam. Mas há uma contradição intelectual em JPP que jamais conseguirá resolver. Porque é teimoso e tem a mania de que ele, e pessoas como ele, é que farão história. Tem a mania de aristocrata.

Ele é um grande patriota!

("O programa da troika é também o programa do PSD", e de PPCoelho, e também de Aníbal Cavaco Silva. E dos banqueiros e grandes merceeiros)

Antes que ela precise de ir ao quarto-de-banho disse...



A senhora Maria R. Silva deve andar por aqui perdida, coitadita. Alguém que lhe espete um sinal de "EXIT" à frente das lentes, para poder voltar depressa ao pardieiro intelectual onde vegeta.

S. Bagonha disse...

Para o "À, bruto, disse" das 12,05:
Nem mais meu caro. Já vai sendo mais que tempo de acabar com esse mito de que Sá Carneiro era um (social) democrata.
Basta atentar nos "golpes de estado" que ele provocou no PPD para afastar do seu caminho e do partido, aqueles que com ele não concordavam.
Democrata o tanas!

Anónimo disse...

Posto toda esta prosa, não percebo porque JPP insiste em continuar a militar no PSD.
Ainda está á espera de tacho? Coitadinho...
No fundo é igual aos outros: fala fala, mas não larga a teta.

À bruto, disse...

Pois, S. Bagonha, esquece muito mas é a quem nunca soube...

Sá Carneiro é apenas mais um "mito urbano" do nacional-porreirismo luso, que não resistiria a uma singela análise histórica e política do pós-25 de Abril, se a houvesse isenta e de qualidade.

Um dia lá terá de vir algum historiador ou um ensaísta político estrangeiro esfregar isso na cara dos tugas...

Sá Carneiro foi um dos piores arrivistas políticos e aventureiros deste País, um vaidoso implacável e inconsciente que teria certamente provocado uma guerra civil em Portugal, se o destino não tivesse milagrosamente querido poupar-nos.

Haja memória colectiva, que um Povo sem ela é um valha-me Deus.