sábado, abril 06, 2013

“Sócrates foi de uma calma excecional perante todas as interrupções e autênticas provocações”

• Mário Soares, O regresso de Sócrates [hoje no Expresso]:
    ‘Fui dos poucos socialistas que não concordaram com a ideia do regresso de Sócrates, de quem aliás sou amigo, desde que o conheci melhor, quando já era primeiro-ministro. Mas sempre disse aquilo que pensava politicamente, de forma independente em relação às amizades. E como os portugueses sabem não tenho papas na língua...

    Mas, quando me engano, reconheço o erro e dou, como se diz, o braço a torcer, sem dificuldade.

    Vem isto a propósito do regresso de Sócrates. Convivi diariamente com ele nos dias finais do seu mandato. Ouvi o discurso anti-Sócrates que o Presidente Cavaco Silva fez na Assembleia da República. Fiquei indignado. Saí sem ir ao habitual beija-mão, e como não vi Sócrates, pedi a Almeida Santos para lhe transmitir (a Sócrates) que devia demitir-se naquele mesmo dia.

    Não o fez e foi pena. Ficou no seu posto — porque é um patriota — até ao dia em que lhe tiraram o tapete com o chumbo do PEC4 e o forçaram a pedir ajuda externa. Discuti com ele nesse dia nefasto mas não fui eu que o dissuadi de se demitir. Resistiu quanto pôde, não por interesse próprio, mas porque era contra a vinda da troika, como a chancelerina Merkel lhe chegara a prometer.’

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