domingo, maio 19, 2013

"O conceito de Justiça dependerá da opinião da maioria?"

• Fernanda Palma, Impérios sem justiça:
    ‘Ainda que tudo isto seja legitimado por uma imposição externa, quem for administrador da comunidade – agora ou num futuro próximo – não pode subtrair-se à linguagem do Direito. A colaboração com qualquer eugenia social em nome da preservação do "interesse da maioria", dos mais saudáveis ou dos mais jovens debate-se com a essencial dignidade humana.

    Como refere Hannah Arendt, a experiência mais radical desse tipo de colaboracionismo terá acontecido com os líderes judaicos que aceitaram participar na seleção dos que viriam a ser enviados para os campos de concentração. Nesse caso, a explicação dada (salvar algumas pessoas) não justificou eticamente a colaboração com a destruição de vidas humanas.

    Numa outra escala, as medidas que têm sido anunciadas para a função pública, os pensionistas e os reformados são de tal forma graves que implicam a rejeição do que é devido a cada pessoa. Assim, desconhecem a Justiça os impérios que nos impõem a destruição dos valores da dignidade e da confiança em que assenta a construção de cada vida humana.’

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