• Pedro Nuno Santos, Alternativa às desvalorizações:
- ‘(…) Acontece que o principal problema das empresas exportadoras não são os custos, e muito menos os custos salariais. Além disso, um país que aspire a ser moderno e próspero não se pode resignar a uma estrutura produtiva assente nos baixos salários. Os defensores da saída do euro, à esquerda ou à direita, defendem os ganhos que adviriam em termos de competitividade-preço de uma desvalorização cambial. Defendem esta solução porque seria menos penosa para os trabalhadores portugueses e mais eficaz na promoção da competitividade das empresas exportadoras, ao mesmo tempo que incentivaria a substituição de importações. A verdade é que foi isto que Portugal fez durante as décadas anteriores à adesão ao euro sem que isso se tivesse traduzido numa transformação importante do perfil produtivo da economia portuguesa. Mas há alternativa às duas desvalorizações: chama-se "política industrial" e, para ser verdadeiramente eficaz, pressupõe a negociação com a Comissão Europeia da derrogação temporária de algumas regras da concorrência. Consegui-lo não só é - no âmbito dos tratados em vigor - possível, como não seria inédito na União Europeia. Foi exactamente o que a Alemanha conseguiu, junto da Comissão Europeia, no início dos anos 90, para ajudar as empresas do Leste a reestruturarem-se e a sobreviverem num ambiente competitivo.’
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