• Rui Tavares, a.C e d.C [hoje no Público]:
- ‘Os discursos de Cavaco Silva à nação começam a ter uma certa lógica. Dividem-se em duas partes: antes do copo d"água (a.c.) e depois do copo d"água (d.c.). Antes do copo d"água Cavaco explica-nos como é que tudo aquilo que ele queria deu errado: os partidos não quiseram um compromisso de salvação nacional que "75% dos países de dimensão média da União Europeia" têm... e etc., por mais incompreensível e intelectualmente desonesto que seja. Depois Cavaco pára. Apossa-se do copo d"água. Bebe com sofreguidão. Ouvem-se dezenas de cliques dos fotógrafos acampados em frente ao Presidente. Cavaco pousa o copo d"água. Diz: "Portugueses". E finalmente explica-nos que vai fazer aquilo que não queria fazer há quinze dias.
(…)
A segunda vítima de um esvaziamento na forma tentada foi o Tribunal Constitucional. Não é por acaso que Cavaco Silva lembra sempre que os partidos que fizeram parte da coreografia negocial da semana passada detêm 90% dos deputados à Assembleia da República. Essa é uma prevenção política para o caso do acordo conter alguma cláusula que fosse problemática aos juízes do Palácio Ratton: atenção, os partidos que concordaram com isto estão acima do limiar dos dois terços necessários para mudar a Constituição - um argumento juridicamente nulo mas politicamente pressionante.’
4 comentários :
De certa forma, não concordo com Rui Tavares: os juízes do Palácio Ratton estão-se absolutamente nas tintas para o que diz Cavaco Silva, nem aceitam argumentos politicamente pressionantes - seja isso o que for.
Existem arrastadeiras inconsoláveis com a decisão de Cavaco.
Ainda bem que bebeu água senão ainda se engasgava a engolir o sapo.
Será que cavaco com esta treta toda não estava a tentar um golpe de estado ou seja rever a constituição sem dizer nada a ninguém ?
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