segunda-feira, julho 22, 2013

"Quando a poeira assentar, ficará o Presidente perdido no seu labirinto, sem grandeza, ou pior, enredado na teia que ele próprio urdiu"

• António Correia de Campos, Governo sobrevivente? [hoje no Público]:
    ‘Quando a poeira assentar, ficará o Presidente perdido no seu labirinto, sem grandeza, ou pior, enredado na teia que ele próprio urdiu. Se os vaticínios mais generalizados forem correctos (escrevo a 24 horas da esperada comunicação do Presidente) o País vai continuar com um governo medíocre mas recauchutado, que sabe ter a vida encurtada, sem margem de manobra e escassa convicção para exigir de Bruxelas condições viáveis de cumprimento do ajustamento. A crise económica e social vai ser agravada com a sangria dos 4,7 milhares de milhões de cortes no gasto público, o que, segundo o estudo de Luís Aguiar-Conraria, levará a uma quebra total acumulada de 9,4 milhares de milhões de euros no PIB, ao agravamento da dívida de 125 para 132%, a uma redução de 3,3 milhares de milhões de receitas fiscais para, no final, apenas reduzir o défice em 0,6 pontos percentuais. Os hospitais deixarão de curar e passarão a dever; as universidades deixarão de investigar e passarão a leccionar, em vez de ensinar a aprender; os desempregados aumentarão as filas de espera dos programas comunitários; os jovens, cansados de esperar pelos programas prometidos por Bruxelas, emigrarão, ou entrarão na depressão; os empresários sem recurso ao crédito trabalharão para aquecer, antes de fechar de vez as suas pequenas e médias empresas. O Governo, alegremente recomposto, dourar-se-á com novos cargos, novos protagonistas, novas equipas de gabinetes pagas a 14 meses, novas viaturas com a desculpa do leasing ser mais barato que a compra. Retomará, finalmente, os briefings regulares do ministro Poiares Maduro. Continuará, demagogicamente, a viajar para Bruxelas em classe económica, para salvar as aparências. Com a aproximação do seu fim à vista, passará a sair mais, a inaugurar o que Sócrates mandou construir e a emitir robustos discursos, acolhidos com assentimento pela corte do costume. No ano que lhe falta, ainda sem fundos de Bruxelas no horizonte, ser-lhe-á mais difícil programar. Reunirá as forças que lhe restem para sobreviver à dureza das autárquicas, ao habitual castigo das europeias para terminar, agoniado, nas tais legislativas antecipadas.

    E o Presidente? Falhado o débil estratagema, como muitos prenunciavam, fica então com a criança irremediavelmente nos braços. Queira ou não, o Governo sobrevivente será o seu, não o da Assembleia. Pelos seus erros pagarão mais uma vez os Portugueses.’

1 comentário :

Anónimo disse...

Os apregoadores da desgraça mercantil tinham evitado tudo isto se fizessem aquilo que deviam ter feito desde inicio, puxar as orelhas a Portas e Passos Coelho ou definitivamente (com novas eleições) ou internamente entre os agentes governamentais não prolongando a crise política e fazendo a remodelação em Belèm...mas enfime os Srs. querem marcar a História...já estão a conseguir...pela negativa!
Hugo Serejo