• Miguel Cabrita, Semanas perdidas:
- ‘Vinte e um dias passados sobre a demissão de Gaspar, a situação política volta, sem surpresa, ao que já era antes da iniciativa presidencial de "salvação nacional": a normalização da incerteza. Mas volta pior. Depois de há dois anos ter aberto caminho à atual coligação, Cavaco Silva caucionou quer a radicalização da receita da ‘troika', quer a exclusão ostensiva do PS e dos parceiros sociais. Mas tudo ruiu como um castelo de cartas. Na manhã da demissão de Gaspar, o presidente desafiava alto e bom som o PS: os descontentes com a atual situação que a resolvessem no parlamento. A demissão de Portas encurralou Cavaco, que decidiu recuperar a iniciativa. Mas apenas quando se sentiu atingido e até o normal funcionamento das instituições ficou em causa - o mínimo que se pode dizer quando um primeiro-ministro impõe ao presidente que dê posse a uma ministra com o parceiro de coligação já demissionário. Cavaco tentou, tarde e fragilizado, fazer o que poderia ter feito antes: obrigar Passos a dialogar e amarrar o PS. Mas depois da rutura consumada, com um governo tão enfraquecido, com protagonistas e toda a estratégia descredibilizados, com o próprio Cavaco tão colado, que condições haveria para um acordo?’
1 comentário :
O enredo é bem mais complicado do que «apenas» a questão governativa actual.O problema maior é a teia tecida nos ultimos 30 anos a que o ps está ligado também por acção ou omissão.
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