quarta-feira, julho 24, 2013

Regresso ao início

• Fernando Medina, Regresso ao início:
    ‘(…) três semanas depois da demissão de Vítor Gaspar e após a espantosa sequência de eventos que lhe sucederam, estamos provavelmente no mesmo exacto sítio onde nos encontrávamos: com uma economia em recessão profunda e prolongada, com um desemprego socialmente explosivo, com um défice e dívida fora de controle e com um Governo apostado em prosseguir a mesmíssima política que até aqui falhou de forma tão clamorosa.

    Do lado da situação económica e social os indicadores são conhecidos: estamos no 3.° ano consecutivo de recessão, o investimento continua em queda abrupta (entre 2010e 2013 terá caído 35%), o desemprego sobe acima dos 17%, o défice mantém-se em valores de 2011, e a dívida ultrapassa os 125%. Tudo muito mais negativo que o inicialmente previsto e, pior que tudo, em sério risco de deterioração e não de melhoria.

    Mas nada disto fez mover o Governo. Aliás, se algo ficou claro do processo de diálogo entre os partidos é o facto de que o primeiro e principal obstáculo à mudança de política económica não está na Europa ou na Troika, mas sim na maioria que nos governa O documento apresentado pelo PSD ("Bases para um Acordo de Salvação Nacional"), que merece ser lido na íntegra, é aliás totalmente claro a esse propósito: prosseguir com os cortes de €4.700M já apresentados (ou medidas equivalentes), assumir uma leitura extrema (que não é a da Lei) quanto as obrigações decorrentes do novo Tratado Orçamental, ou omissão completa de qualquer referência à necessidade de melhoria das condições de serviço da dívida Teremos agora, é certo, com a remodelação do Governo, um tempo de alguma distensão e possivelmente uma alteração de ênfase no discurso político. Poderemos até ter alguma dilatação no tempo dos cortes anunciados para 2014. Mas o que não teremos seguramente é uma alteração de política com a profundidade e a abrangência necessárias à superação da dificílima situação em que nos encontramos.’

1 comentário :

Impaciente disse...



Pois é. Mas o pessoal vai-se habituando à tristeza...


E a tristeza tem um nome sonante também fora deste novo Governo: António José Seguro, o Banana.