quarta-feira, julho 24, 2013

Pressões, só as deles

• Pedro Nuno Santos, Pressões, só as deles:
    ‘Foram vários os comentadores e analistas políticos que abordaram criticamente a manifestação pública de opinião, por parte de alguns históricos do Partido Socialista, sobre a eventual assinatura de um acordo de salvação nacional. A maior parte com o objectivo de assim diminuírem a decisão final do secretário-geral do PS. Segundo aqueles, António José Seguro teria cedido às pressões internas do seu partido. Esta análise repetida por vários comentadores, muitos deles comprometidos politicamente com o Presidente da República e com os partidos que apoiam o governo, revela uma preocupante falta de cultura democrática. Podemos concluir destas análises que estes comentadores consideram que os militantes dos partidos políticos, em matérias com a importância desta, devem estar calados ou falar apenas dentro das sedes partidárias. Como não os ouvimos queixar-se dos apelos e das pressões de grupos de empresários, ou mesmo de si próprios, podemos concluir que consideram os militantes do Partido Socialista cidadãos menores. Isto é, Manuela Ferreira Leite, Marques Mendes, José Gomes Ferreira, Camilo Lourenço ou Alexandre Relvas podem pressionar os partidos da forma que entenderem, mas Mário Soares e Manuel Alegre não. Considerando as opiniões destes analistas “independentes”, podemos afirmar com segurança que, caso António José Seguro tivesse decidido assinar um acordo que aceitasse cortes nas pensões e despedimentos na função pública, não o acusariam de ter cedido aos empresários ou às suas próprias pressões. Não, nesse caso teria sido corajoso. (…) Na realidade, o que estes comentadores e analistas queriam era que apenas fossem ouvidas pressões para que o acordo fosse assinado. Pressões, só as deles.’

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