• Rui Pereira, Parábola da divisão :
- ‘Esta parábola também é adequada para refletir na reforma do Estado. Portugal é o nosso Euromilhões. A extinção de postos de trabalho e a introdução de despedimentos sem justa causa, a diminuição de pensões e remunerações, o aumento do horário de trabalho e a supressão de prestações públicas na saúde, na educação, na cultura, na justiça e na segurança são, em substância, um modo insidioso de recusar a divisão dos bens que constituem o nosso património coletivo. Ora, a injustiça dessa recusa de partilha pode ameaçar o futuro da Nação Portuguesa.
Saber dividir é ainda mais importante em tempos de crise do que em época de abastança. As custas das repartições injustas de sacrifícios ou dos atrasos na partilha serão arrasadoras. Quem as fixa é a "opinião pública", que segue com crescente desconfiança os negócios recentes das nacionalizações e a costumeira distribuição de benesses no setor empresarial do Estado. Estamos a chegar agora à última instância. Depois disso, como dirá qualquer processualista, segue-se a fase executiva, que, na vida social, significa contestação e revolta popular.’
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