Com a economia de rastos, o desemprego a alastrar e as finanças públicas em deterioração acelerada, não é possível escamotear que esta situação é o resultado — aliás, esperado — da política de “ir além da troika”. Por outras palavras, estamos perante a prova provada de que a austeridade se derrota a si própria.
Assim sendo, o bom senso aconselharia a que, como sugeriu José Sócrates, se parasse de escavar o buraco — ou seja, travar a austeridade. Mas as últimas notícias fazem crer que, tendo calhado em sorte ao país ser convertido num laboratório, há quem esteja disposto a levar o ensaio até às últimas consequências, querendo impor a austeridade a que o Governo se comprometeu em Maio (a que há a acrescer outras medidas que a troika traz na bagagem para atacar os direitos laborais que ainda subsistem).
Estão em causa cerca de 3,6 mil milhões de euros de cortes a incluir no Orçamento do Estado para 2014 para atingir um défice de 4%. Passos Coelho dá sinais de não admitir alterações à meta prevista, Paulo Portas já disse que lutaria por mais meio ponto percentual e o PS avançou hoje que se conformaria com um défice de 5% (aqui e aqui).
Estas posições de Passos Coelho, Portas e Seguro remetem-nos inevitavelmente para as negociações que os três partidos mantiveram em Julho, nas quais procuraram estabelecer um compromisso de médio prazo. Cerca de dois meses depois do acordo falhado de Cavaco, o que separa o PS de Passos Coelho e da troika é um ponto percentual do défice e de Paulo Portas é meio ponto percentual? Ou seja, 800 milhões de euros de Portas e 1600 milhões de Passos Coelho?
3 comentários :
Belo post. Serão afinal apenas estas as diferenças?
É caso para termos medo, muito medo.
Bem vistas as coisas , é tudo uma questão de tro(i)kos!
Fala-se em derrota - do Povo...digo eu
Zé da Adega
Enviar um comentário