O congresso do CDS esteve para ocorrer no auge da crise no seio da coligação de direita no Verão passado. Não podendo Paulo Portas demarcar-se da estratégia do Governo de que faz parte, incumbiu então Pires de Lima e outros de apresentarem uma moção que configuraria um programa político alternativo. Contendo várias propostas da oposição, Portas congeminou um CDS que estaria, ao mesmo tempo, no Governo e na oposição.
Ao amarrá-lo curto, Passos Coelho pôs Portas a dar a cara pelas doses cavalares de austeridade. Seis meses depois, nem com uma lupa se conseguem encontrar divergências ou atritos no seio do Governo entre o CDS e o PSD, como a pacífica aceitação da TSU dos pensionistas por parte de Portas o confirma. Tornou-se evidente que o “novo ciclo”, de que Portas falou quando voltou atrás com a sua palavra em relação à permanência no Governo, não passa de um segundo ciclo de austeridade, consubstanciado no Orçamento do Estado para 2014.
Neste contexto, o congresso do próximo fim-de-semana será provavelmente tão vivo como um velório. Resta saber o que acontecerá à moção de Pires de Lima, na qual o inner circle portista, depois de elencar um vasto conjunto de propostas, confessava “ser essencial dar nota da nossa profunda incomodidade com o rumo da evolução da economia e do desemprego”.
É bom ter presente que, se Paulo Portas voltou atrás com a sua palavra em relação à permanência no Governo, nada disse sobre a circunstância de, ao ficar no Governo, isso ser para si “um acto de dissimulação”. Como agora se observa, não de fingimento em relação ao parceiro de Governo, mas em relação aos portugueses.
ADENDA — Há um estranho fenómeno mediático com tudo o que rodeia Paulo Portas: com qualquer outro partido, até em certa medida com o PSD, os problemas internos que atravessam o CDS dariam parangonas, como a demissão de Ribeiro e Castro da presidência da comissão parlamentar de Educação, Ciência e Cultura, alegando razões relacionadas com o seu partido, ou os entraves colocados à divulgação de uma moção crítica do caminho prosseguido por Portas. No CDS, no pasa nada.
terça-feira, janeiro 07, 2014
Um partido (unipessoal), duas políticas
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1 comentário :
São poucos no CDS e todos focados num único objectivo : o pote.
O povo? O povo que se vá f$%&/&%.
Como diz o menino queque João Almeida, o povo até os obriga a mentir para ganhar eleições!
O povo está á espera do que então? Só têm o que merece!
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