O estilo do pinguim, como Paulo Rangel foi baptizado pelo passismo, está mais apurado. De passagem por Dublin, o pinguim aproveitou os microfones para soltar uns guinchos alarves numa competição infrene com esse outro vulto da direita que dá pelo nome de Nuno Melo.
Em campanha eleitoral, o pinguim fica possesso. Tão possesso que até acusa os governos anteriores de «despesismo» por obras que não foram feitas, como o aeroporto e o TGV. E fá-lo quando o Governo anuncia um plano de investimentos de mais de 5 mil milhões em infra-estruturas até 2020.
Convém avivar a memória do pinguim sobre a «bancarrota» e o «despesismo».
Não é de mais lembrar que, em plena crise das dívidas soberanas, e contra o parecer do Conselho Europeu e do Banco Central Europeu, houve quem não hesitasse em provocar uma crise política para se alçar ao poder, crise essa que arrastou o país para o pedido de ajuda externa.
Mas a falta de memória do pinguim vai mais longe. Não foi uma política «despesista» que colocou o Estado em dificuldades. Foi a maior crise internacional dos últimos 80 anos que provocou uma inopinada quebra do PIB, através de uma forte contracção das exportações e do investimento. Neste contexto, o défice orçamental, como aconteceu em todos os países europeus, aumentou devido à queda das receitas fiscais e ao aumento das despesas com o subsídio de desemprego.
A Conta Geral do Estado de 2009 (p. 54) é elucidativa:
- «O défice do subsector Estado em 2009 ascendeu a 14,1 mil milhões de euros, o que representa uma degradação de 8,9 mil milhões de euros relativamente a 2008, em resultado da quebra da receita efectiva em 6,1 mil milhões de euros e de um aumento da despesa em 2,8 mil milhões de euros.
A receita diminuiu 15% em 2009, tendo a redução da receita fiscal contribuído com 12,1 pp. para aquele resultado e a receita não fiscal com 2,89 pp.»
Acresce que as medidas extraordinárias de estímulo económico tiveram um impacto muito reduzido (após um volte-face do Conselho Europeu, que antes as havia incentivado). Ainda de acordo com a Conta Geral do Estado de 2009 (p. 55), a «Iniciativa para o Investimento e o Emprego», que incluiu um conjunto de medidas destinadas a produzir um efeito contracíclico na economia e no emprego e, ao mesmo tempo, acelerar a adopção das reformas estruturais, traduziu-se numa despesa de 824,1 milhões de euros, cerca de 0,5% do défice. Onde está o «despesismo»?
(continua)
7 comentários :
Não era o Paulo Rangel que metia férias na Assembleia da República para ir trabalhar para o seu escritório de advogado, recebendo normalmente o vencimento a que não tinha direito?
Ele é de Vila Nova de Gaia...
Nas fileiras do PSD 5 em cada 4 membros são uns aldrabões mafiosos!
Até que enfim. Passaram 3 anos, mas, mais vale tarde que nunca....Francisco Assis, fez aquilo que ZÉ SEGURO, deveria ter feito, no inicio do seu mandato. Desmontar o discurso de culpas que o PSD assacou ao anterior Governo do PS. Seguro, não o fez, porque não sabia ou não queria ? Se não sabia, não se devia ter candidatado ao cargo, se não queria....agora sabe(?!) que foi um erro, que tem pago, como se nota nos debates com Passos Coelho... Assis, foi mais claro que a água. Vai ser duro,porque do outro lado estão dois politicos trauliteiros, para quem só "mão dura" os vencerá.
Sócrates, já não está só a tentar desmontar a "narrativa" que há 3 anos o gang conta aos Portugueses. Parabéns Francisco Assis.
Francisco Assis vai ter de fazer um esforço para desmontar a demagogia barata, o populismo pimba e a desonestidade desta parelha de patetas: Paulo "claustrofobia" Rangel e Nuno "cabelinho à foda-se" Melo.
Penso que Assis estará à altura para a tarefa árdua de honrar a herança de Sócrates, discutir a Europa (a parelha nem está para aí virada...) e reduzir os ataques nojentos que vêm da direita mais trauliteira, imbecil e manhosa que nos caíu em sorte.
Não é fácil, mas é possível. Pelo menos, durante a campanha, vamos ter uma oposição à altura, coisa de que Seguro não tem sido capaz.
Não é fácil, repito, pois apesar de imbecil, o "duo maravilha" sabe falar ao "taxista" que existe em cada português (com todo o respeito que me merecem os taxistas, pois já fui transportado por muitos que fogem completamente ao estereótipo, principlamente os das gerações mais novas).
Não obstante, a propaganda está bem montada, a mensagem redonda e simplista da direita tem feito o seu caminho: Sócrates mau ("despesista", "bancarrota", etc.); governo bom (pôs as "contas em ordem", etc.).
É tarefa do PS desmontar esta narrativa imbecil e maldosa, pois para as mentes mais simples esta treta faz sentido.
Outro factor a ter em conta: a importância e o poder que Marco António e o Dr. Relvas têm neste momento no PSD, o que faz adivinhar uma estrtégia de campanha de baixíssimo nível, mentira, manipulação e provocação.
Eu não preciso de ser convencido - o meu voto está decidido - mas o PS e Assis têm de delinear uma estratégia eficaz e eficiente, na medida em que vão confrontar adversários sem ética nem escrúpulos, sedentos de poder, mentirosos compulsivos e treinados na arte da manipulação.
Mais "interessante" é perceber se Rangel está gravemente doente ou se fez uma dieta à Tallon.
Já viram o ar escanzelado e macilento que o mesmo aparenta?
Se bem percebi, quem está aqui a desmontar o discurso da "bancarrota" e do "despesismo" é o Miguel Abrantes e não o Francisco Assis.
Parabéns ao Miguel. Isto promete.
Enviar um comentário