quinta-feira, março 27, 2014

Entre a 7.ª e a 11.ª avaliação, com o Governo ao rubro


Estão recordados das escaramuças no seio do Governo que culminaram na demissão irrevogável de Vítor Gaspar e na permanência dissimulada de Paulo Portas? Aconteceu na sequência da 7.ª avaliação da troika. Agora, quando é preciso fechar a 11.ª avaliação, a comédia parece repetir-se, com a Miss Swaps a representar o papel de Gaspar.

O Governo assumiu, segundo o FMI, fazer cortes de 1500 milhões a 2000 milhões de euros em 2015. Marques Mendes, o pombo-correio do Governo, confirmou-o, admitindo que os cortes poderiam não exceder 1750 milhões de euros.

O montante dos cortes terá de constar do Documento de Estratégia Orçamental (DEO) a enviar para Bruxelas em Abril. Aparentemente, o Governo prepara-se para indicar os montantes globais dos cortes sem especificar as áreas específicas que pretende abocanhar.

Neste contexto, a Miss Swaps escolheu um cenário apropriado — uma visita à sede do FMI — para enviar um recado àqueles-que-não-se-estão-a-lixar-para-as-eleições no Governo: os cortes são para serem feitos. No dia a seguir, nas jornadas parlamentares do PSD, Luís Montenegro desmentiu-a: «Quero deixar aqui de uma forma clara. Vamos todos jogar limpo. Não é verdade que venham aí mais cortes de salários e pensões, mais cortes de rendimentos».

A resposta da Miss Swaps não se fez esperar: mandou convocar os jornalistas para um «briefing informal», no qual se deu conta das malfeitorias em preparação.

Passos Coelho, depois de fazer uma espécie de desmentido dos cortes, revela, uma vez mais, a sua reconhecida capacidade de liderança: «Por vezes assisto ao debate público no nosso país sobre estas matérias e penso que ele poderia ser mais sereno e mais informado do que é. Espero que os membros do Governo contribuam também para isso.» Mas disse mais: estando marcado para segunda-feira uma reunião do Conselho de Ministros para discutir precisamente o DEO, o alegado primeiro-ministro fez questão de informar o país de que desconhece a medida mais relevante que dele consta e que será então aprovado.

Com o Governo desorientado e sem coordenação política — e tendo o vice Portas e o ministro Maduro mandado também dizer que têm andado distraídos —, coube a Marques Guedes, imortalizado quando, há anos, propôs na Assembleia da República a criação do Dia Nacional do Cão, disparar sobre os jornalistas para distrair as atenções: «Se os jornalistas resolveram interpretar isso [«briefing informal» do Ministério das Finanças] como informação definitiva, não chamo a isso fuga de informação, chamo manipulação de informação.»

O fecho da 11.ª avaliação da troika está a assemelhar-se muito ao tumultuoso fecho da 7.ª avaliação. Será que a Miss Swaps se deslocou à sede do FMI para averiguar se poderia seguir as pisadas de Vítor Gaspar?

8 comentários :

james disse...

Uma análise excelente feita neste post.

E mais uma vez o alegado primeiro-ministro a revelar os seus excelentes dotes de liderança e a andar aos bonés...

Anónimo disse...

Não é um governo, é um circo montado para distrair os palhaços ( o povo português) enquanto os domadores de leões fazem a merda toda á economia do país, paulatinamente , sem terem de se queimar na ribalta.
É este o nojo que nos rodeia a todos. Esta gente e os cães que os suportam são lixo.

Anónimo disse...

E o que faz o PS? Nada.

Deixa a vida dos portugueses degradar-se a um ponto sem retorno e nem uma manifestaçãozinha de proptesto contra estas medidas é capaz de apoiar.
Sinceramente já não sei em quem votar.

Anónimo disse...

e o ps limita-se a convocar o pobre do secretário de estado quando o problema está na essência do governo. patetas...

Anti-trastes disse...



PATETAS TRISTES! E bem tristes.

Luís Novaes Tito disse...

Com um abraço
http://barbearialnt.blogspot.pt/2014/03/5-blogoditos-5-xvi.html#links

Miguel Abrantes disse...

Caro Luís, obrigado. Abraço

Anónimo disse...

Não há pachorra. Só é preciso saber quando é que eles se vão embora. Quando?