quarta-feira, março 26, 2014

Irresponsabilidade e radicalismo


• Pedro Nuno Santos, Irresponsabilidade e radicalismo:
    «O discurso dos sinais positivos por parte da maioria PSD/CDS, apesar de não ter terminado, perdeu força, como seria de esperar. Os resultados negativos da austeridade em dobro seguida pelo governo são avassaladores e não há como escamoteá-los. São sentidos diariamente pelos portugueses e as estatísticas que vão sendo conhecidas só vêm traduzir em números uma realidade conhecida por todos. Como refere Carlos Farinha, economista especialista em questões de pobreza e desigualdade, os dados do INE publicados na segunda-feira são "a fotografia mais completa e consistente do impacto da austeridade na pobreza e na desigualdade" e os números "são extremamente preocupantes". Em 2012, o primeiro ano orçamental da exclusiva responsabilidade da actual maioria e em que foi aplicado o dobro da austeridade que tinha sido acordada com a troika no Memorando inicial, o diferencial de rendimentos entre os 10% mais ricos e os 10% mais pobres aumentou, a percentagem dos portugueses que vivem em risco de pobreza aumentou para 18,7%, dos residentes em Portugal que vivem em privação material aumentou para 25,5% e em privação material grave para 11%. Estes são os resultados mais graves e preocupantes da austeridade reforçada em dobro que tem sido seguida em Portugal, a prova de que a receita é errada e tem de ser travada. Ficamos também a saber pelo INE que em 2012 encerraram mais 60 mil empresas do que abriram e que as empresas que abriram empregaram, em média, menos trabalhadores que as que fecharam. O resultado, entre criação e encerramento de empresas, foi a destruição de 95 mil empregos. Perante estes resultados, o primeiro-ministro vem anunciar para 2015 mais austeridade e cortes a rondar os 2 mil milhões de euros. Em vez de olhar para a realidade, perceber que a estratégia seguida até agora fez mais mal que bem, e que é preciso negociar a reestruturação da dívida pública para parar com a austeridade, Passos Coelho ataca toda a gente que pensa de maneira diferente e promete insistir no erro. Só um governo autista, irresponsável e radical pode insistir numa estratégia que de forma comprovada conduz a estes resultados.»

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