Passos Coelho resistiu sempre a adoptar, ou sequer a defender, qualquer medida que pudesse aliviar o fardo da dívida pública. Compreende-se: isso tirar-lhe-ia o pretexto para continuar com a estratégia de empobrecimento, que visa desmantelar o Estado social, descapitalizar a segurança social, intensificar a precariedade laboral e esmagar os salários.
Subitamente, no último debate parlamentar, o alegado primeiro-ministro falou na mutualização da dívida pública acima dos 60% do PIB, ainda que para legitimar, em seu entender, a austeridade.
Porém, hoje, Passos Coelho regressa ao patoá do turista finlandês com a sofisticação a que nos habituou: «Tive ocasião esta semana no parlamento de demonstrar que esta visão é, pelo menos, uma visão ingénua. Não há nenhuma parte do mundo em que uns poupem para os outros gastarem. Não há em nenhuma parte do mundo gente que faça sacrifícios para pôr as suas contas em ordem para que outros possam ter défices e dívidas. Isso não existe. E isso não se chama solidariedade. Isso não é solidariedade. Solidariedade é valer a quem não pode. Solidariedade não é caridade.»
Já ninguém pede a Passos Coelho que, quando discursa, tenha em conta os efeitos das disfuncionalidades da arquitectura do euro nos países da periferia ou os sacrifícios dos portugueses. Mas o alegado primeiro-ministro deveria ter, ao menos, um pingo de vergonha quando fala assim. E o ministro Maduro tem a obrigação de fazer os possíveis para que ele não fale de improviso. Deixá-lo à solta dá nisto.
3 comentários :
Isto não é novidade nenhuma... já desde 2007 que todas as trocas de acções são feitas electronicamente no chamado sistema híbrido.
Esqueceu-se é de que há pelo menos uma pequena "parte do Mundo", que até é uma pérola, mas que andou ao longo de décadas a gastar à fartazana o que nós, outros, poupávamos! É uma ilha atlântica, chama-se Madeira e tem sido "guvernada", NOS ÚLTIMOS 37 ANOS! - por "gente séria" do Partido deste autêntico LABREGO!
O que mais me chateia no passos é que na sua preparação para a vida política, nunca se esforçou para apreender a falar de uma maneira correcta. É impressionante o esforço necessário para entender este animal.
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