• Fernando Medina, "Europa connosco"?:
- «(…) o falhanço da resposta europeia à crise levou-nos para um campo em que rápidos movimentos de integração económica (que poderiam, conceptualmente, ter sido a resposta estrutural à crise que vivemos) sejam hoje politicamente difíceis de imaginar e depois das próximas eleições europeias politicamente impossíveis de concretizar. Mas acima de tudo tornou claro que vivemos um momento de mudança profunda no modelo de relacionamento interno na união europeia, processo que exige um reposicionamento político claro.
Ao longo destes três anos, o atual Governo sempre se recusou a contribuir para esse novo padrão de relacionamento europeu. Nunca teve, por exemplo, a preocupação de melhorar o programa de ajustamento português. Pela simples razão de que partilhou com os países credores a visão de que a aplicação da austeridade expiaria os nossos pecados. Afinal de contas, para o Governo, a arquitetura da zona euro estava perfeita e o problema das economias periféricas resumia-se a um problema de despesa, de dívida e de salários demasiado altos.
Nesse sentido, este Governo e esta maioria constituíram-se, por opção própria, no principal fator nacional de bloqueio à criação de um novo consenso europeu, necessariamente difícil, sobre as condições de desenvolvimento económico da Europa do Sul. E que esse consenso terá sempre de passar, previamente, pela construção de uma frente interna de novo unida em torno do tema europeu e por um quadro de alianças capaz de criar uma nova correlação de forças na Europa - tudo condições que Governo e maioria desvalorizaram desde o primeiro dia.
A sua previsível derrota eleitoral no próximo domingo pode felizmente representar o início de um caminho para ultrapassar este bloqueio estratégico em que nos encontramos.»
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