terça-feira, junho 03, 2014

Leituras

• Ferreira Fernandes, Uma dança em forma de quadrilha:
    «(…) Ah, se Drummond, em vez de vida vulgar, conhecesse a empolgante política portuguesa!... Marcelo amava Costa que não amava Seguro que amava concorrer com Passos que adoraria, oh quanto!, que isso acontecesse. Marcelo na TVI desancou Seguro que detestava a possibilidade de Costa disputar com Passos que também detestava tal e preferia mandar Costa para Marcelo que estava mortinho por ir às presidenciais, sim, mas com Guterres que amava fugir ao pântano que o fez encontrar Angelina Jolie que não entra nesta história mas é sempre boa de se encontrar. Guterres foi para os refugiados e não sabe para onde ir depois, Marcelo sabe que quer ir para Belém, Passos só sabe que preferia não saber o que lhe vai acontecer, Costa hesitou saber mas quando soube agarrou-se ao que lhe sabe bem e Seguro. Seguro, ponto?! Desculpem, foi erro. Seguro... Ah, assim, sim, já o reconhecemos.»
• José Vítor Malheiros, Seguro quer ser o novo Marinho e Pinto e depois morrer de velho:
    «(…) A resposta a todas estas perguntas pode muito bem ser a mesma: Seguro quer ganhar tempo. Mas ganhar tempo para quê?, perguntarão os leitores sagazes, que sabem que uma evolução de um Seguro para uma espécie politicamente interessante levará, segundo as leis de Darwin, cerca de 14.000 anos. A resposta é: para dar tempo ao Neo-Seguro de sair da casca.

    (…)

    Seguro sabe que é preciso aguentar porque foi assim que chegou a secretário-geral do PS. Aguentar sem dizer nada de substantivo para não assustar ninguém e para não ser confrontado com eventuais contradições. E estas duas coisas – esperar e não dizer nada – são coisas que Seguro faz muito bem. É mesmo provável que, como dizia Brecht de não sei quem, que Seguro se saiba calar em várias línguas, o que poderia fazer dele um funcionário internacional em potência.

    (…)

    É provável que a campanha dentro do PS vá ficar feia, mas Seguro ainda nos pode surpreender. É possível que ele seja ainda pior do que nos tem mostrado.»
• Luís Menezes Leitão, Seguro e Costa:
    «Qualquer militante do PS percebe que, depois do magro resultado das eleições europeias, Seguro deveria ser imediatamente substituído. Na verdade, o seu patético discurso de vitória não convenceu ninguém e o apoio à moção de censura do PCP só serviu para cobrir o PS de ridículo. António Costa viu aí a sua oportunidade e avançou contra Seguro. Perante o desafio, este tinha duas alternativas: ou se demitia imediatamente, como há uns anos fez Marcelo Rebelo de Sousa no PSD, ou convocava um congresso, que inevitavelmente perderia, à semelhança de Sampaio no PS.

    Em vez disso, Seguro começou por optar pela resistência, invocando argumentos estatutários para rejeitar o congresso. Como não convenceu ninguém, adoptou a fuga para a frente, esquecendo os estatutos e lançando umas absurdas primárias para primeiro-ministro, pensando ingenuamente que os simpatizantes do PS lhe poderiam dar a vitória que os militantes lhe negam. Como o peso eleitoral de António Costa é muito superior, naturalmente que ele aderiu sem problemas à iniciativa. Mas não o deveria ter feito. Quem faz primárias é o Livre, que não tem militantes. O PS tem outro estatuto na sociedade portuguesa e não pode ser envolvido em jogadas primárias. (…)»
• Manuel Caldeira Cabral, Austeridade, crescimento e inflação:
    «(…) Se o Governo quiser minimizar o risco de comprometer a retoma, deve evitar introduzir novas medidas de austeridade que substituam o efeito orçamental das que foram chumbadas.

    Se quiser apenas garantir os objectivos de défice, então acabará por insistir na ideia de introduzir medidas adicionais, nomeadamente fiscais.

    Os dados da UTAO sustentam a ideia de que há folga para acomodar as medidas chumbadas pelo TC. O arrefecimento da retoma, com a queda do PIB de 0,7% no primeiro trimestre, salienta o risco para o relançamento da economia de introduzir novas medidas de austeridade neste momento.

    Comprometer um processo de relançamento que ainda se mostra frágil é. cm minha opinião, o risco que não devemos correr. A confiança externa e interna (de investidores e consumidores) pode ser muito afectada se o segundo e terceiro trimestres deste ano não demonstrarem uma tendência de retoma clara Não lançar novas medidas de austeridade pode ser o factor que garante a retoma do crescimento. E o relançar do crescimento é a melhor garantia que podemos dar de que a consolidação portuguesa é sustentável.»
• Miguel Guedes, O fim dos "boys":
    «(…) O passado de Passos e Seguro enquanto líderes das jotas dos PSD e PS não é desprezível. Durante anos a fio, perceberam com quantas linhas se cose um partido, desmultiplicaram-se em novelos de lã e fios da navalha, percorreram o país numa espécie de Queima das Fitas itinerante. Evitando as barracas, foram uma espécie de saltimbancos no ciclo preparatório, na antecâmara das campanhas eleitorais internas que os fariam controlar e ganhar o partido e, no caso de Passos Coelho, somar o partido ao país (algo a que Seguro já não vai a tempo). Aos dias de hoje é quase certo que ambos sairão de cena nas próximas eleições legislativas, perante o contexto e o que se avizinha (de Costa a Costa, do PS de hoje ao PS de amanhã) e tendo em conta os resultados eleitorais das eleições europeias. É o fracasso indesmentível dos dois "boys", perfeitamente capazes aos olhos da militância interna mas insuficientes para mudar uma vírgula ao discurso político vigente, inaptos para olhar de frente a realidade de um país abstencionista, divorciado da classe política e ávido de novas soluções. Não é o fim da ideologia, espero. É o fim destes ideólogos de cartão, sem ideologia mas reféns de todos os interesses. (…)»

2 comentários :

Anónimo disse...

O Costa não foi sec-geral da JS anos a fio?
Alvaro

Anónimo disse...

.Não foi. mas sempre quis ser. "Esse ano de 1984, há 30 anos, Costa e Seguro separaram caminhos. Margarida Marques, a primeira mulher a ocupar um cargo de chefia partidária no Portugal democrático, concluía o seu mandato à frente da JS. Quem devia suceder-lhe? António Costa era o candidato evidente. Tinha 23 anos, estava a concluir o curso de Direito, era um “veterano” da Jota"

http://www.publico.pt/portugal/noticia/costa-e-seguro-enfrentamse-ha-30-anos-mas-desta-vez-e-a-serio-1638044