quinta-feira, junho 05, 2014

O apoio de Carrilho a Seguro

Nunca se sabe o amanhã. Mas esta manhã, pelo menos até à hora a que o Diário de Notícias foi para as bancas, Manuel Maria Carrilho estava de corpo e alma com António José Seguro. Não se percebe exactamente porquê: «o Partido Socialista, como a generalidade dos partidos socialistas democráticos europeus, tem andado aos papéis, desfasado da evolução do mundo, refém de um imaginário sentido da história, atónito perante as grandes mutações civilizacionais, arrastado pela transformação da condição política - seja dos cidadãos seja dos seus líderes - distantes das mais decisivas metamorfoses da cultura, etc.». Aparentemente, as 80 medidas do Novo Rumo não convenceram Manuel Maria.

Outra crítica construtiva do filósofo a Seguro está condensada nesta afirmação categórica: «Não se chega lá [sic] com taticismo ou aparelhismo, mas com ousadia, conhecimento e ação, olhando o mundo e o País sem vergar ao sebastianismo mediático.» Talvez em próximos episódios Manuel Maria se disponha a desvendar o que fazer com a «ousadia», o «conhecimento» e a «acção» para que o PS deixe de «andar aos papéis». Até lá, só me ocorre perguntar: com amigos destes, quem precisa de inimigos?

15 comentários :

Anónimo disse...

percebe, percebe:

«A pergunta que interessa fazer é sobre o que está no cerne do conflito entre António Costa e António José Seguro, para lá das ambições pessoais e dos jogos mais ou menos táticos que são indissociáveis da vida política de ambos, e de que Paulo Pena fez um interessante retrato na Pública do último domingo.»

«Neste confronto há, a meu ver, duas questões centrais: a da oportunidade e a das ideias. Quanto à da oportunidade, ela não podia ser pior para um partido que, num contexto nacional e internacional dificílimo, tem agora - depois de ter ganho claramente as duas últimas eleições, autárquicas e europeia - um ano para se apresentar como uma alternativa consistente à direita que tem governado nos últimos anos.

Estas últimas, de resto, com um dos melhores resultados que os socialistas tiveram em toda a União Europeia. Mas eram muitos os que, nas hostes costistas e socráticas, dificilmente deixariam A.J. Seguro chegar tranquilamente às legislativas, de cujas listas temiam desaparecer.»

«O que se tem passado com António Costa, cujas qualidades conheci bem ao trabalhar com ele no Governo e no Parlamento, lembra-me muitas vezes o que se passou nos finais da década de noventa com Durão Barroso. Ele também era, face ao domínio socialista de então, o líder predestinado do PSD, com mundo, culto, rodado, etc., um político perante o qual todos os rivais empalideciam mal se pronunciava o seu nome, divinizado pelos media até à idiotice mais absurda, ouvido como um oráculo por uma comunicação social que transformava cada banalidade sussurrada na expressão de uma qualquer genialidade.

Essa aura chegou a assustar o então primeiro-ministro António Guterres. Lembro-me bem de ter sido convocado - como foram, individualmente, todos os ministros - para reuniões de emergência em São Bento, porque agora a coisa "ia ser a sério". Pois bem, entronizado como líder do PSD, viu-se: desde o primeiro debate parlamentar até à sua astuciosa fuga para Bruxelas, foi o contínuo desmoronar do mito.

Ainda agora, vendo a entrevista da passada segunda-feira de António Costa à TVI, o que me pergunto é o que há para lá de uma espécie de aura sebástica que, com inegável talento comunicacional e de relações-públicas, se construiu à sua volta. Há um tom de voz mais grave, é certo, e isso conta. Mas quanto a ideias, não ouvi a Costa nada que o Seguro não ande a dizer há muito tempo: pugnar por outro modelo de desenvolvimento, apostar na qualificação, combater o retrocesso social, etc., etc. Como se sobrasse em protagonismo sebástico-mediático o que falta em diferença propositiva, ou ideológica.

Penso pois que Costa fez mal em abrir uma guerra de poder no Partido Socialista, cujas consequências fratricidas podem abrir caminho à perpetuação da direita no poder»

Anónimo disse...

não liguem é o peso na cabeça...

Francisco Clamote disse...

Também acho que, com amigos deste calibre, Seguro não vai longe. Longe, por certo, desejaria ele Carrilho.

maria disse...

O Manel Carrilho é leitor do CC? OH!

Sousa Mendes disse...

O anónimo das, 02:17:00 da tarde, se não é o Carrilho é alguém por ele. Aliás transcreve parte do texto do Carrilho que, como sempre,contem um conjunto de verdades insofismáveis e sem qualquer fundamentação, o que é usual no dito.
Comparações entre pessoas claramente incomparáveis e efectuadas de forma genérica para evitar confronto com factos concretos. Por exemplo, podia comparar a carreira politica do António Costa com a dele, por exemplo na Câmara Municipal de Lisboa em cujas eleições fez uma figura triste com a Bábà e o filho. Isso sim são palhaçadas que dão vontade de rir! Aliás como o dito líder que confessa que se anula. Tudo coisas risíveis que, isso sim, o Partido Socialista.

Anónimo disse...

Que sai dos comentários?

Não é que MMC não se ponha a jeito, mas sai uma sugestão ordinária (por "qui Jun 05, 02:31:00 da tarde"), pouco mais que uma reafirmação do comentário final do CC, com a adenda de que Carrilho quer lugares (segundo Clamote) e a habitual torpeza de sugerir que o primeiro comentário (onde se apresentam divergências entre MMC e Costa, que o CC ignora falaciosamente na transcrição para dar a impressão que MMC não argumentou) é do próprio político, como se só o próprio pudesse convergir nas ideias com o texto (segundo "qui Jun 05, 02:32:00 da tarde")

Tirando Clamote que insinua mais do que o que diz (e o que insinua é o raciocínio apolítico e ademocrático de que os desacordos apenas surgem de um qualquer oportunismo - quando MMC até já fez por esgotar há muito qualquer oportunidade na vida pública)o deserto da discussão das caras em vez das ideias.

Anónimo disse...

Não é António Costa que corporiza um determinado programa diferente do programa de António Seguro. O problema não está aí. O problema está nas fracas personalidades que Seguro juntou á sua volta para levarem a cabo o tal programa de mudança que diz ter, mas que depois, na pratica, com a titubieza, incompetencia e estupidez da oposição que faz ao PIOR GOVERNO DE SEMPRE, faz qualquer eleitor perguntar-se como se propõem estes tipos efectuar dito programa.
O problema não está nos lideres de um lado ou do outro. Está na incompetencia dos que se juntaram a Seguro, também ele imcompentente.É de competencia que se trata. É dos melhores para tomarem as rédeas do país que se trata. Os melhores estão claramente com António Costa. E se não forem esses a ascender á liderança do partido, o meu voto não irá para o PS.
Os resultados de gente incompetente á frente dos destinos de um país estão bem á vista nestes ultimos 3 anos.
No more.

JMT és tu? disse...

... o verbo anónimo ao estilo de um chorinho feliz sugere-me que o pró-assessor do Manuel Maria Carrilho responderá, afinal, pelo nome de João Miguel Tavares (nada de muito estranho porque vários artistas tugueses se passeiam, sorrateiramente, pela caixa dos comentários do CC e congéneres).

Anónimo disse...

Que, vistas as coisas pelo lado mais simples, é mais um caso de as enguias se quererem umas com as outras. Bem um para o outro.

maria disse...

Ó anónimo das 03:25:00, a "ideia" do MMC vir a público exprimir o seu apoio ao AJSeguro, no estado atual dos seus destrambelhamentos com a Lux, é capaz de não ter sido muito boa... Parece-me mesmo que será a única discussão de "ideias" que poderemos ter là dessus. De resto, até acho que o CC foi bonzinho ao escolher apenas as frases mais críticas para com a atual direção da dita prosa. As outras, incluindo as referências ao AGuterres, são mais lamentáveis.

Anónimo disse...

"qui Jun 05, 04:47:00 da tarde" diz coisas que se podem discutir. Os dois a seguir vomitam lixo, Maria mistura sentido de oportunidade com substância do que é dito. Se fosse esperar por melhor oportunidade, MMC nem falava.


Quanto a "qui Jun 05, 04:47:00 da tarde", lembro que Costa tem para muita gente problemas piores com quem o vai cercando, gente que tem andado mais que ligada às oportunidades no carreirismo, nos negócios. Nomes? Por exemplo, Amado, Vitorino, Coelho são gente com quem o país e o partido nunca nada ganharam e que empestam qualquer candidatura.

Por seu lado, Costa vale o quê? De esquerda não é, nem nunca foi. Foi um ministro da Justiça e da Administração Interna autoritário (veja-se com as arbitrárias notificações postais ou mandados de busca e captura executados madrugada dentro). É também um presidente da Câmara medíocre, que só faz figura por suceder a quem sucedeu. No mais tem privatizado serviços e espaços públicos, cedendo a interesses como os do rock in rio ou do continente. E clandestinamente não tem parado de minar a actual direcção - o que aliás nem squer será hábito recente - Ferro Rodrigues, um sg sério e decente, bem se pode queixar.

Fernando Romano disse...

Foram os portugueses que despoletaram este debate no PS, e não tanto A. Costa como pensam alguns; foi essa a mensagem que enviaram para o interior do partido através do seu voto. Este debate acontece por vontade do eleitorado. De uma maneira ou de outra ele tinha que acontecer. António Costa leu bem a mensagem e assumiu as suas responsabilidades.

A mensagem foi clara: queremos o PS como alternativa nas próximas legislativas mas não confiamos no seu candidato a primeiro-ministro.

Escolham outro!

Os militantes do Partido Socialista só têm que assumir as suas responsabilidades indo ao encontro dessas exigências do eleitorado. E do interesse nacional. Com António Costa este governo sofrerá estrondosa derrota, o que dará lugar também a modificações substanciais dentro do próprio PSD. A democracia ganhará.

Anónimo disse...

Quando vou ao Jardim Zoológico gosto muito de ir ver os pavões, gostam de se pavonear e mostrar as suas penas...

Anónimo disse...

«Derrota dos partidos do Governo mostra vontade de mudança»

Pois é

Anónimo disse...

o PIOR GOVERNO DE SEMPRE foi o do HOMEM-MERDA