quinta-feira, junho 19, 2014

Os números não enganam

• Sérgio Sousa Pinto, A grande ilusão:
    «(…) A verdade é que nas autárquicas de 2013 o PS obteve mais escassos cem mil votos que o conjunto dos partidos que apoiam o governo. Se aos votos destes últimos acrescentarmos o score das candidaturas “independentes”, que eram, no essencial, dissidências do PSD, verificamos que o PS ficou cerca de duzentos mil votos abaixo da direita. Se compararmos a votação do PS nas autárquicas de 2009 (37,7%), antes da crise, com a votação de 2013 (36,26%), após três terríveis anos de crise gerida pela direita, verificamos que o PS perdeu duzentos mil votos.

    Os resultados das eleições europeias são ainda mais preocupantes. A medíocre vantagem de 3,75% obtida sobre a coligação de direita, numa altura em que o PIB português retrocedeu aos valores de 2001 e a austeridade se intensificou pelo efeito acumulado das medidas de controle da despesa, traduz uma diferença favorável ao PS de escassos cem mil votos. Em relação ao acto eleitoral imediatamente anterior, o PS perdeu cerca de oitocentos mil votos. Em relação às europeias de 2009 (em que o PS obteve 26,58% contra os 31,46% destas últimas), a subida percentual de 5% correspondeu a oitenta mil votos (mais ou menos a votação do Livre).

    Os números limitam-se a confirmar o que muitos sentem sem necessidade de grandes análises: o PS tem fracassado na mobilização do país, e da esquerda em particular, para uma alternativa credível ao cruel experimentalismo económico a que Portugal vem sendo sujeito. A demarcação titubeante da governação, as “abstenções violentas”, a dificuldade de apontar um rumo que não tema as rupturas necessárias e uma mais vigorosa capacidade de afirmação de Portugal nas negociações externas, os embaraços e sentimentos contraditórios a respeito da génese da crise – tudo explicará parcialmente as presentes dificuldades. Não há nenhuma necessidade ou sentido útil em fazer juízos de valor sobre os actuais protagonistas e o contributo que deram ou deixaram de dar, em anos inquestionavelmente difíceis, também para a oposição. Todos fazem e farão o PS. (…)»

3 comentários :

Anónimo disse...

A política e os políticos no seu melhor. Após as autárquicas de 2013 TODOS no PS se rejubilaram com a estrondosa vitória a nível nacional. Agora isto!
Recordo-me que quando alguém apontava o que Sérgio Sousa Pinto agora vem dizer, todos os opinion makers do PS, incluindo os agora principais detratores de António José Seguro, diziam precisamente o contrário.
Recordo-me que no calor dos resultados das autárquicas de 2013 Mário Soares dizia que a vitória do PS era de tal importância que deveria motivar a demissão do governo, já José sócrates dizia que os resultados tinham sido um desastre para o PSD.

Afinal em que ficamos?

Anónimo disse...

Para a garotada foi um diluvio

Carrega PS

Anónimo disse...

Em que ficamos?! Então baixam de resultados estrondosamente e o meu caro não se pergunta se não há algo de errado com isto?
Já a vitória nas autarquicas tem que se lhe diga, mas agora esta vergonha nas europeias?!
Só não vê quem não quer porra.
Já os resultados do PSD tem sido consistentemente um desastre desde 2011. Nunca lá deviam era ter chegado, mas como o conseguiram á lei da mentira ( e o outro é que era o pinóquio!!!) o povo está perdoado.