quinta-feira, junho 05, 2014

Ou eu ou o caos

• Pacheco Pereira, A caótica resposta de Seguro [hoje na Sábado]:
    «Para quem não está convencido da enorme fragilidade política de Seguro, a maneira como tem respondido ao repto de António Costa mostra tudo o que é mau na sua actuação: calculismo (embora errado nos cálculos), insegurança, colado com cola-tudo aos pequenos poderes, respostas caóticas e mal pensadas, contradições de um dia para o outro, mistura de agressividade com incompetência, propostas entre a demagogia (para tentar conquistar a opinião pública tarde e a más horas, como a limitação do número de deputados) e a impreparação completa. O único traço comum de todas estas propostas é manter Seguro no poder e dificultar a vida a Costa ou a outro candidato, protelando tempos e prazos para um futuro indefinido. Propostas que podiam ter mérito, como o alargamento da base eleitoral de escolha aos simpatizantes não filiados, exigem uma elaboração cuidada, alterações estatutárias de fundo, a abertura de um processo temporal mais longo, um trabalho de mobilização dos eleitores, registo (que deve implicar um pagamento simbólico, um euro como em França) com assinatura de uma declaração política definindo a "área" política a que pertencem, e mesmo, como no caso francês, a abertura a membros de outros partidos que podiam ser aliados nas presidenciais, elaboração de cadernos eleitorais. O esquema francês é interessante, mas adapta-se mais a presidenciais do que à liderança partidária.

    Nada disto foi preparado ou estudado, entre outras coisas pelo facto de Seguro, há pouco mais de um ano, se lhe opor. Agora, Seguro encaminha-se por este caos e confusão apenas porque ganha tempo e ele espera que uma crise qualquer governativa apareça entretanto. É por isso que radicalizou o seu discurso exigindo ao Presidente da República que demita o Governo e convoque eleições. O mais depressa possível. Ele, Seguro, precisa delas para sobreviver, mesmo que isso signifique uma vitória da maioria e uma derrota para o PS. É assim que funciona o aparelhismo nos partidos.»
• Valter Lemos, A INSEGURANÇA DO PS:
    «(…) A cegueira (para não dizer a estupidez) deste argumentário é a mesma que levou a direcção de Seguro a uma atabalhoada e confusa fuga para a frente na questão do anúncio da candidatura de António Costa à liderança do PS. A invenção de umas primárias para candidato a primeiro-ministro, que antes chumbara, e que, afinal já são também para Secretário-Geral do PS (pois Seguro disse que se demite se perder) serve para quê, senão para tentar manter o mais tempo possível a verdadeira questão em banho-maria, com o PS a degradar-se todos os dias, como se vê pelo artigo referido? Aliás a proposta, para além das críticas generalizadas quer ao conteúdo quer ao método, deu oportunidade a uma ridicularização por parte de Marcelo Rebelo de Sousa a que o próprio AJ Seguro não devia ter dado essa oportunidade. (…)»

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