terça-feira, julho 22, 2014

FMI a declarar o óbito da estratégia
do governo de Passos & Portas


Seis técnicos do FMI — num estudo a que o Jornal de Negócios faz hoje alusão — avaliaram os resultados dos processos de «ajustamento». As conclusões são o que já se sabia, mas que o Governo negava. Suprema ironia: a estratégia de «ir além da troika» é chumbada no seio do FMI.

No que respeita a Portugal, sustenta o documento que a devastação levada a cabo pelo Governo irá implicar uma deterioração do nível de crescimento máximo que o país poderá atingir no futuro.

Com efeito, conclui-se no estudo que a transformação estrutural da economia não ocorreu:
    • O número de trabalhadores empregados no sector transaccionável caiu mais do que no sector não transaccionável;
    • O Valor Acrescentado Bruto (a produção subtraída dos custos) sofreu uma quebra idêntica em ambos os sectores, o que indicia que não se verificou qualquer transformação.

As conclusões ainda são mais demolidoras em relação às exportações. O documento refere que Portugal não teve ganhos de competitividade nesta área. Assim sendo, os «grandes défices da conta corrente» contraíram-se em grande medida devido à quebra das importações.

Por outras palavras, os equilíbrios externos foram conseguidos em grande medida à custa de desequilíbrios internos, o que não será sustentável a prazo: «Os passivos líquidos externos permanecem elevados (implicando pagamentos líquidos de rendimentos ao exterior mais elevados), e o progresso no reequilíbrio externo chegou à custa do equilíbrio interno, com destaque para taxas de desemprego muito mais elevadas».

Foi nisto que deu o «milagre económico» de que fala o Governo, em particular o ministro Pires de Lima. A única vez que Passos Coelho cumpriu o que prometera está à vista de todos: «nós sabemos que só vamos sair desta situação empobrecendo - em termos relativos, em termos absolutos até, na medida em que o nosso Produto Interno Bruto (PIB) está a cair». Mas só o anunciou após as eleições de 2011.

2 comentários :

Ulrico disse...

Bate certo. O Povo o quis, o Cavaco o pôs, o Gaspar dispôs.


Agora, aguentem-se! Ai, aguentem-se, aguentem-se..

Anónimo disse...

O FMI contra o próprio FMI , o que não deixa de ser irónico.