• André Freire, As primárias no PS, a reforma institucional e a ideologia:
- «(…) qualquer líder que fosse tinha também o compromisso assumido por Sócrates para com os seus eleitores de que não acompanharia medidas (do PSD) além do acordo da Troika (de 2011) para ganhar alguma margem de manobra face ao governo. Por tudo isso, e tendo em conta que a direita tem governado sempre muito além do que estava no memorando (nos cortes de salários e pensões, no aumento da jornada de trabalho, nos cortes na educação e na saúde, na promoção da desregulação no mercado de trabalho, etc.), é curiosa a tibieza da oposição do PS, sob a batuta de Seguro, ao governo: até ao final de 2012 o PS aprovou (58,3%) ou absteve-se (25,0%) na esmagadora maioria das votações das propostas da direita no Parlamento. É certo que a partir da manifestação face à TSU, em Setembro de 2012, o PS começou a divergir mais (votando contra os orçamentos, encabeçando pedidos de fiscalização constitucional, etc.) mas, mesmo assim, continuou sempre disponível para entendimentos com o governo (no corte na despesa pública, que depois não se concretizou, ou na reforma do IRC, fazendo recair os custos do ajustamento quase só sobre os assalariados e pensionistas, em sede fiscal). Ou seja, perante um governo e uma maioria que têm governado em violação dos compromissos eleitorais assumidos, contra a Constituição e com resultados desastrosos (a divida pública está quase em 140% do PIB, apesar de todos os cortes de salários e de pensões e da venda de «n» empresas públicas, muitas delas bastante lucrativas), o PS liderado por Seguro foi incapaz de se diferenciar claramente da direita. Portanto, em matéria de posicionamento ideológico do PS, sob a batuta de Seguro, e da sua capacidade de fazer oposição, estamos conversados. (…) Mais, até a narrativa sobre a genealogia da crise (defendida pela direita nacional e europeia), que punha a sílaba tónica das causas da crise em fatores domésticos (ou seja, no PS sob a batuta de José Sócrates) e que tem sido desmentida por vários académicos (Mark Blyth, Philipe Legrain, Wofgang Streecht, Paul de Grauwe), o PS de AJS pareceu ter «comprado»… Caso contrário, como explicar o apagamento do partido nos últimos três anos? (…)»
3 comentários :
E para completar o "ramalhete", li com surpresa, ou talvez não. No grupo de apoio a Seguro em lavra (Matosinhos) há um "militante" Sousa, que no FAC e na sua página, encontra rgumentos contra Antonio Costa (a linguagem da dirrita e extrema dieita) A entrada de boys na CML e publicitou um comentário de um tal Martins, que informava que Mario Soares, tinha pisado a bandeira Portuguesa. Quem teve este discurso durante muitos anos, foi efetivamente a extrema direita.mesmo que houvesse alguma verdade nisto, que culpa teria costa ? Com apoiantes destes Seguro e o Ps vão muito longe....o desespero nao pode ser culpado de tudo....Há gente neste processo, com pedra no sapato.
N.B: pergunto, o que quer a direita, apoiando Jose Seguro?...
Excelente análise do André. E sequência de factos. De facto o povo tem estado entregue à bicharada e indefeso, na medida em que a narrativa dominante do PS-Oposição tem sido apenas a do governo, com nuances de dose. Porém, o pais só acreditará na utilidade eleitoral do PS e na seriedade da sua liderança, quando afirmar uma visão diferente e frontal, sempre difícil de articular e fazer passar, tanto mais que por vezes parece contra-intuitiva. Mas enquanto A Costa não organizar a sua própria narrativa, forte e clara, corajosa e frontal, e enquanto não mobilizar a inteligência de 20 eminencias respeitadas e 20 comentaristas que se respeitam a eles mesmos, nada feito, mais do mesmo.
A continuar assim, o PS vai sair derreado nas próximas legislativas.
O Seguro é um frouxo, incompetente e ignorante.
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