sexta-feira, agosto 22, 2014

Seguro e Costa: diferenças ideológicas?

• Ana Rita Ferreira, Seguro e Costa: diferenças ideológicas?:
    «(….) quando analisamos os documentos estratégicos de Seguro e de Costa no que toca a estas áreas, o que primeiro nos salta à vista é o facto de Seguro, na sua moção, não dedicar nenhuma linha ao tema das políticas sociais. (…)

    A moção de António Costa é, a este respeito, mais clara. Afirma, logo no início, que, actualmente, “para os socialistas, o desafio é, portanto, travar esta dinâmica de retrocesso social e reduzir as desigualdades” (p. 2) e, por isso, também sublinha que um dos seus objectivos principais será “o reforço da coesão social” (p. 10). Posteriormente, enfatiza esta questão, dizendo, por exemplo, que “é essencial uma política de redução das desigualdades económicas e sociais que inclua a correcção na repartição do rendimento, bem como uma intervenção activa do Estado enquanto elemento corrector das insuficiências do mercado em matéria de equidade” (p. 13), ou indo mesmo mais longe considerando que “o combate à pobreza e à exclusão social não pode ser alheio às políticas de correcção das desigualdades sociais, porque as desigualdades sociais geram e acentuam a pobreza e a exclusão social” (p. 22). Poderíamos citar vários outros exemplos.

    Neste âmbito, a moção de Costa põe a tónica na igualdade de acesso a serviços de educação e saúde públicos e de qualidade (pp. 12-13) e às prestações sociais (p. 22), tal como Seguro, mas não só é mais descritivo, como apresenta uma nova linha de combate à pobreza e às desigualdades, que parece herdeira das anteriores políticas socialistas, uma vez que prevê uma nova prestação para um novo público-alvo específico: “o governo do PS assumirá como objectivo prioritário a redução do número de crianças e jovens em situação de pobreza e de precariedade social”, dado que esta “meta incontornável em termos de justiça social, é, além disso, instrumento para uma redução sustentada das desigualdades” (p. 23). E acrescenta mais uma fórmula ideologicamente marcada: “O combate à pobreza e à exclusão social não pode ser adequadamente servido por políticas casuísticas ou assistencialistas” (p. 22).

    Costa dedica efectivamente mais espaço ao tema da necessidade de redução das desigualdades por via das políticas sociais na sua moção e, além disso, é mais taxativo no diagnóstico deste problema e apresenta mais soluções para o resolver. É certo que, com base nestes documentos, não podemos colocar os dois candidatos socialistas em linhas ideológicas divergentes, pois as diferenças detectadas são ténues. Mas encontramos já um sinal que poderá indicar que Costa e Seguro não dariam a mesma prioridade às políticas sociais redutoras do fosso entre ricos e pobres. (…)»

1 comentário :

Anónimo disse...

Os pobres, os semi-pobres, os proto pobres e os percentis, miseráveis, seguintes estão dispostos a tomar a parte que, proporcionalmente, lhes diz respeito no bolo.
Atenção ao saco da farinha!!