sábado, setembro 20, 2014

Ensaio sobre o populismo

«O populismo vem penetrando no coração dos sistemas político-partidário
e político-judicial. E o que é mais de lamentar é que, no primeiro caso,
seja através do PS, pela mão de António José Seguro
e que, no segundo, seja patrocinado pela própria ministra da Justiça.»

O artigo de Augusto Santos Silva, intitulado O populismo à espreita, é de leitura obrigatória. Eis um excerto:
    «(…) o último elemento da atitude populista é a substituição de toda a representação mediada e limitada pela representação imediata e absoluta, encarnada em líderes "puros", sem baias institucionais, que encarnam o povo porque são da sua natureza. Ou porque nasceram em Penamacor ou Santa Comba, ou porque só iam fazer a rodagem do carro, ou porque se viram ricos em Bruxelas para defender o povo contra Bruxelas, ou porque também não conseguem dormir sem saber se há um pedófilo no prédio.

    Como se vê, o populismo situa-se nos antípodas da preocupação e do respeito pelo povo. O populismo expropria o povo do raciocínio, nega-lhe discernimento e pede-lhe adesão exaltada, sem medida nem escrutínio. Desde o surgimento da comunicação de massas, ele propaga-se com força, através da Imprensa dita popular, da televisão generalista e de cadeias de rádio religiosa ou ideologicamente comandadas. Também o temos em Portugal. E, de certo modo, habituámo-nos a ele. Até condescendemos, se bem que não devêssemos.

    Mas o que talvez explique o recente sobressalto contra o populismo é a constatação da força com que ele vem penetrando no coração dos sistemas político-partidário e político-judicial. E o que é mais de lamentar é que, no primeiro caso, seja através do PS, pela mão de António José Seguro e que, no segundo, seja patrocinado pela própria ministra da Justiça.»

6 comentários :

Fernando Romano disse...

O mais certo era eu perder esta lição sobre política populista em Portugal. Ficou mais rica a minha cultura política. O primeiro parágrafo aqui transcrito é um compêndio histórico das manifestações de populismo em Portugal, cujos protagonistas ressaltam de imediato à nossa frente.

Se eu fosse da Comissão de propaganda de A. Costa fazia chegar aos militantes, e simpatizantes inscritos, este artigo (em papel, por email).

Estou preocupado, e apetece-me meter onde não sou chamado. É preciso assegurar rigorosa e permanente vigilância junto de todas as mesas de voto no dia 28. Assegurar delegados meticulosos em todas as mesas para conferir os documentos que os eleitores apresentam para se identificarem. Nada de baldas para ir almoçar ou tomar café. Só estou a avisar.... Depois não se ponham aos gritos.

Estas primárias foram concebidas para valer tudo.

arebelo disse...

Estas "primárias"foram concebidas para evitar o confronto directo,logo um golpe sujo de quem há muito comprovou ser destituido das mais elementares princípios cívicos e morais.O que nesta "campanha"demonstrou exuberantemente a ponto de se lhe poder apontar tambémuma burrice que iguala senão ultrapassa a do alegado primeiro-ministro.

Anónimo disse...

Concordo em absoluto com o Fernando Romano. Cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém, lá diz o povo.

Anónimo disse...

Os contributos deixados nesta caixa de comentários são óptima ilustração de como o populismo é pernicioso e profundo: concorda-se com os argumentos do ASS; para logo a seguir sugerir que se continue a dividir o mundo entre "nós e os outros" ! Voilá !

JR

Anónimo disse...

Olha o JR do Dallas ressuscitou e veio dizer coisas incompreensíveis aqui para o CC!

Anónimo disse...

Houve muitos regimes de má memória, trágica até, que se forjaram a partir do populismo.