segunda-feira, setembro 15, 2014

Está péssimo, Seguro

• João Galamba, Está péssimo, Seguro:
    «A narrativa de António José Seguro é simples: aqui temos um líder que, com grande sacrifício pessoal, pegou num partido que vinha de uma pesada derrota (28%) e, três anos depois, conseguiu a extraordinária proeza de o "tirar da lama" e chegar aos 31% numas eleições europeias. Para Seguro, o resultado das europeias só não foi histórico porque os portugueses ainda culpam o Partido Socialista.

    E o que tem Seguro a dizer desta culpa? Concorda com ela, concordando portanto com a maioria PSD-CDS? Discorda, tentando, na medida das suas possibilidades, contestar a narrativa que a sustenta, apresentando uma alternativa? Concorda com parte? Com tudo? Não sabemos. Sabemos apenas que Seguro se limita a tomar nota e a constatar que "uma parte dos portugueses ainda responsabilizam o PS pela situação a que chegámos".

    Em vez de fazer aquilo que se espera de um líder de esquerda, que é contestar e apresentar uma alternativa à narrativa (falsa) de que foi o despesismo público, a insustentabilidade do Estado Social e a perda de competitividade (falta das famosas reformas estruturais) que nos trouxe até aqui, Seguro transforma-se num líder populista e elege a reforma do sistema político e a regeneração ética da política como prioridades estratégicas. Na cabeça de Seguro, o descontentamento não vem da crise económica e social, nem resulta da aparente incapacidade dos partidos políticos em apresentar caminhos para superar essa crise.

    A reforma do sistema eleitoral e a reforma da lei das incompatibilidades não são necessariamente erradas, só não são é uma resposta à crise que vivemos hoje. Pensar que sim, que é isso vai reconciliar os portugueses com a política, é não perceber que esse caminho está condenado ao fracasso, porque o descontentamento e a frustração dos cidadãos não só se manterão intactos como até terão tendência a aumentar.

    Seguro teve necessidade de apostar na via populista porque não tem nada de interessante para dizer sobre a crise actual, ou melhor, porque não tem nada para dizer sobre a crise actual que seja significativamente diferente do que a direita já diz. Seguro tem uma lista de 80 medidas, mas não tem uma estratégia, porque não há estratégia sem uma narrativa que a enquadre, que lhe dê sentido. Partilhando com a direita a narrativa do que nos trouxe até aqui, Seguro só se consegue distinguir do actual governo imitando (em pior) Marinho Pinto, ou então, como se viu no debate de terça-feira com António Costa, dizendo coisas disparatadas como aquela de se demitir de primeiro-ministro caso a carga fiscal aumentasse. Não está mal, Seguro, está péssimo.»

7 comentários :

Anónimo disse...

O Rapazola do Seguro é de fazer "pirraça" ao outro aldrabão - este não se fica atraz.

Grande orelha e grande pé - é em sinal de grande besta.

Zé da Adega

roger disse...

Desculpem lá... o Tozé tem razão, existe uma grande parte dos Portugueses a culpar Sócrates... somem os eleitorados do PPD CDS PCP BE, o que é que dá?

Rosa disse...



Totalmente de acordo com a análise de João Galamba!

Anónimo disse...

Oh Roger, desculpe lá mas ... e o que fez Seguro para que os Portugueses vissem no seu (dele Seguro) PS uma alternativa credível? Leu bem o 'post' do Galamba? Volte a ler.

Conde de Oeiras e Mq de Pombal disse...



Excelente e lapidar lexto de João Galamba.


E o "roger" obviamente tem razão, sobretudo na medida em que o discurso e a prática do Tò-zero só têm AUMENTADO a percentagem de portugueses que ainda seguem a narrativa falsa (= FICÇÃO) da Direita + PCP + BE sobre as "culpas do PS"!


Só que, para desempenhar esse papel, não é necessário o Seguro para nada! Os órgãos de comunicação social e os papagaios do "guverno" e da "extrema-esquerda" chegam e sobram para manter a intoxicação do eleitorado mais básico...

Anónimo disse...

Não há nada como cheques em branco.. O melhor é mesmo chegar a PM sem nenhuma promessa concreta e fazer o que se bem entender.. Neste caso, o senhor Seguro comprometeu-se com algo e isso a meu ver só lhe melhora a imagem.

Cumprimentos,

FD

Anónimo disse...

Tal qual o João Galamba demonstra.