sexta-feira, setembro 12, 2014

«Quem se confessa capaz de ser nada para chegar onde quer
é bem capaz de tudo»

• Fernanda Câncio, Face desoculta:
    «No primeiro debate entre Seguro e Costa, o secretário-geral do PS quis justificar o resultado do partido nas europeias, reconhecendo-o afinal não tão espetacular como garantiu na noite eleitoral, com o facto de "uma parte dos portugueses ainda responsabilizarem o PS pela situação a que chegámos." Ora Seguro tem com certeza razão: uma parte dos portugueses pensará assim e de facto isso pode ser um motivo para não votarem PS.

    Reconhecendo desde início - porque se colocou desde o início - esse problema, Seguro tinha um de dois caminhos: ou combatia essa noção, aproveitando todas as ocasiões para explicar por que motivo está errada, ou, caso concorde com ela, assumi-la-ia, não só por uma questão de honestidade mas também por estratégia, tornando claro não deverem esperar dele a repetição do que considerará erros indesculpáveis. Porém, como é sabido, não fez uma coisa nem outra. Segundo o próprio, "anulou-se" para "manter a paz no partido".

    Ou seja, o secretário-geral do PS terá decidido esconder quem é e o que pensa para evitar cisões nas hostes do PS, escondendo-se portanto do País do qual quereria ser primeiro-ministro. Assumiu ser capaz, por calculismo e taticismo, da maior das dissimulações; assumiu que entre a verdade e ocultação, optou pela ocultação; entre a coragem e a cobardia, pela cobardia; que entre a rutura e a paz podre, quis a paz podre. E quis assim porque se sabia sem autoridade - quiçá até legitimidade - para se manter líder se abjurasse o Governo anterior.

    Esta confissão surge tanto mais chocante quando, decidido agora a revelar-se em todo o seu esplendor, Tózero (como genialmente, antes da tirada da "anulação", alguém o apodou) insinua já não só "culpas" políticas mas também colusões entre política e negócios no passado do seu partido. Ou seja: ele aventa que sabe coisas terríveis, às quais terá assistido bem caladinho e das quais nem depois de eleito chefe falou, para não chatear ninguém - sendo que nem agora, que finalmente se soltou, diz que coisas são.

    Percebe-se que depois de ter feito e confessado tudo isto Seguro esteja de cabeça perdida por, afinal, estar em riscos de ver São Bento por um canudo. Percebe-se que alguém que achou que ser falso era a forma certa de manter o partido e chegar ao Governo não entenda que raio fez de errado; que quem acusa de traição aquele que o desafia não tenha capacidade ética para vislumbrar que a maior das traições - aos outros e a si - é fingir ser-se o que se não é.

    Que seja esta fraude autodesmascarada que pretende vitimizar-se imputando a outros oportunismo e golpes baixos e afirmar-se como epígono da transparência não deve ser grande surpresa. Quem se confessa capaz de ser nada para chegar onde quer é bem capaz de tudo

7 comentários :

Conde de Oeiras e Mq de Pombal disse...



Tudo isto é bem verdade, mas tudo isto é igualmente insuficiente, tardio e frouxo.


Seguro é um canalha. E um Partido que mantém um canalha destes três anos como seu líder, ou está completamente podre, ou já nem sequer existe. Este é que é o problema principal: Ant.º Costa tem pela frente a tarefa colossal de regenerar o atual PS. Ou, pior ainda, terá de reconstruí-lo de raiz.


Oxalá esteja à altura da incumbência e tenha bem a noção da magnitude do que o espera. E, sobretudo, daquilo que a maioria dos portugueses DECENTES - simpatizantes ou não do atual PS - espera dele...

Morgado De Basto disse...

`
A Fernanda Câncio,com o seu brilhantismo habitual,oferece-nos a cores o retrato completo de um canalha.

O Conde de Oeiras e Mq de Pombal,dedica-nos a Moldura com amplitude e destinatário em fundo.

Bem hajam, pela generosidade e Altruismo.

Anónimo disse...

Escolher um líder para, apenas, fazer a travessia do deserto e depois zangarmo-nos porque ele, inesperadamente (?) não quer deixar o poleiro é duplo cinismo.
Alguma coisa correu mal mas, vitimizarem-se imputando-lhe a ele oportunismo e golpes baixos e afirmarem-se como epígonos da transparência e do scrificio político é grande surpresa. Quem se confessa capaz de esperar que outrem se transforme em nada para chegar onde quer é bem capaz de tudo.
António Costa merece melhor que as Câncios desta terra.

Autor anónimo disse...



Vê-se que os Anónimos profissionais que "por aí andem" estão completamente desnorteados!


E eu cá sempre ouvi dezer que um anomene desnorteado é pior que uma melher bêbada...

Anónimo disse...

Ou, muito me engano, ou, o António Costa ganha a mil, como na sueca.

Faço votos que assim seja

O ACosta, nota-se que é uma pessoa educada, bons principios, é fino, mas no fundo, gosta de levar a água ao seu moinho... e ainda bem

Zé da Adega...vai um copo?

Anónimo disse...

Tanto disparate junto.....

Anónimo disse...

Um boquinhas de c*.