segunda-feira, outubro 13, 2014

Demissão fatal

Hoje no Diário de Notícias

      «Transtornos?! Transtornos existem quando se perde um avião e não se chega ao destino a tempo e horas! É óbvio que desde setembro que os tribunais vivem situações caóticas e de inatividade, que ainda se mantêm, que ainda estão longe de estar resolvidas, e sem que se saiba quando estarão estabilizadas! E não foi só o problema da implosão do Citíus, mas também das instalações, de salas de audiências fechadas a fazer de armazém de processos! Ou seja: a tempestade perfeita!»

Sabe-se que:
    • Os responsáveis do sistema informático dos tribunais elaboraram, em Junho de 2012, um documento de 43 páginas, intitulado «Planeamento para a Reorganização do Mapa Judiciário», no qual davam conta dos riscos de colapso do Citius com a radical reorganização do mapa judiciário (e, bem assim, de três soluções para conseguir a sua adaptação sem rupturas descontroladas);

    • Os avisos dos responsáveis do Citius foram confirmados por uma auditoria informática da Inspecção Geral de Finanças;

    • João Miguel Barros, chefe de gabinete da ministra Paula Teixeira da Cruz, e homem da sua confiança pessoal, bateu com a porta depois de avisar que o Citius iria comprometer o arranque do novo mapa judiciário.

Paula Teixeira da Cruz fez vista grossa a tudo. E até negou que o seu ex-chefe de gabinete tivesse saído por discordâncias consigo.

Hoje, o tal ex-chefe de gabinete dá uma entrevista demolidora ao Diário de Notícias, na qual desmente Paula Teixeira da Cruz. João Miguel Barros afirma que a ministra foi avisada do furacão que iria desencadear se quisesse avançar com a reorganização do mapa judiciário a 1 de Setembro e que bateu com a porta por não querer estar no centro do furacão.

Como hoje o ex-chefe de gabinete diz ao DN, «só com essas tarefas terminadas é que se poderia carregar no botão para implementar, em todo o território nacional, o novo mapa.» Mesmo assim, a ministra carregou no «botão». E provocou o caos num órgão de soberania — os tribunais.

O voluntarismo de querer ficar na história («há 200 anos que não se fazia uma reforma») levou Paula Teixeira da Cruz a estatelar-se ao comprido. Depois da entrevista que o seu ex-chefe de gabinete dá hoje, comprova-se que as desculpas esfarrapadas que a ministra entretanto foi urdindo não passam de puras mentiras.

A ministra falhou, pediu desculpa, atribuiu a incertos o falhanço e anda por aí a mentir compulsivamente. Perante um presidente da República inerte e um primeiro-ministro assarapantado, só lhe resta sair por uma porta que se está a fechar: ser ela a tomar a iniciativa de pedir a demissão.

8 comentários :

Anónimo disse...

O que o sujeito diz é certo na substância, mas ele não é nenhum santo que bateu com a porta por causa das dores da Pátria. Saiu porque depois de dois anos a servir cafés à ministra (não deve ser fácil) pensava que ia ser feito Secretário de Estado. Ela assim não quis e fez subir ao governo um outro amigo, que dos costumes sabe nada, fazendo agora tristes figuras.

Confirmem se a demissão dele não foi logo de seguida a uma mini remodelação de secretários de estado.



Anónimo disse...

Paula T. da Cruz é a personificação da prepotência mais incompetente dos últimos 200 anos.É como tal que vai ficar para a História da Justiça deste país.

RFC disse...

Não vi as televisões hoje mas esta entrevista é o último prego, demite-se ou é demitida hoje?

Anónimo disse...

Pouco importam as razões da demissão. O que o sujeito diz não pode ser ignorado. Foi também por saber o mesmo que o secretário de estado engenheiro se foi embora.

Evaristo Ferreira disse...

"Há 200 nos que não se fazia uma reforma destas", disse ela. Mandem a justiceira embora, já não tenho pachorra para ouvir a senhora. Faz-me lembrar a Miss Pig...

Anónimo disse...

A não ser que a mandem embora, a ministra continua (ou continuará) de pedra e cal. A loucura já é tanta que perdeu a noção da realidade

La Fonténe não disse...



Pois. Só quando acordar debaixo de chuva (ou na boca do lobo...) é que se reparar que, afinal, "morava" numa cabana de palha, como o primeiro dos três porquinhos.

Anónimo disse...

É La Fontaine e não Fonténe.