quarta-feira, outubro 22, 2014

“Balbúrdia total” com cláusula de salvaguarda

— Tu foste capaz de prometer isso, Pedro, sem me avisares?!

Rui Duarte Morais, que presidiu à comissão de reforma do Código do IRS, deitou as mãos à cabeça quando soube do arroubo do alegado primeiro-ministro que se traduziu em mais uma promessa eleitoral [cf. Público e Expresso]: depois das promessas de devolução da sobretaxa quando António Costa for primeiro-ministro e de desagravamento tributário das famílias de rendimentos elevados com uma molhada de filhos (as outras são constituídas pelos pobres que não pagam IRS), declarou ontem que as famílias sem descendentes e ascendentes a cargo também não serão prejudicadas.

Sobre a cláusula de salvaguarda que Passos Coelho tirou da cartola, Rui Duarte Morais está, ainda hoje, aparentemente em estado de choque: «Assim, vamos entrar nesta balbúrdia total que se anuncia, com umas cláusulas de salvaguarda» para garantir que ninguém pode pagar mais do que em 2014. E visivelmente descoroçoado, desabafou: «Agora, esta salganhada...»

É oficial: os estarolas já deixaram a sua marca noutra reforma. Isto está a um ritmo imparável. Ou como disse ontem o alegado primeiro-ministro: «um ano em que tantas bolandas aconteceram» [vídeo]…

5 comentários :

james disse...

A Costança Cunha e Sá pensa o mesmo.

F.Borges disse...

Não entendo muita coisa. Como desculpa, digamos que neste país é tarefa bem difícil. Mas as últimas que nos chegam... é difícil que qualquer asno transmontano (com o devido respeito pelos asnos e pelos transmontanos) pudesse ultrapassá-las em ignorância, estupidez, demagogia e propaganda.
Aquela espécie de retorno da taxa especial sobre o IRS, mesmo que fosse viável, justa e constitucional, não me parece compatível com a natureza anual de um orçamento e do imposto, que não deve ter efeito retroactivo e deve ter bases rigorosas - como vão determinar que parte do excedente se deve a esta ou àquela causa ? Atenção ! Para cada um, um euro é um euro ! Além de que deixar para o sucessor a resolução dos problemas causados pelos proveitos próprios é no mínimo desonesto (mas nesse aspecto não há surpresas, têm forneciso numerosas demonstrações).
Mais curioso ainda. Vamos ter duas « leis » sobre o IRS : a que vigora em 2014 e a que pretendem fazer para 2015. Nunca se viu tal coisa. Então cada um escolhe aquela que mais lhe convém, resumindo, aquela que lhe faz pagar menos. Receio que aqui também haja alguns princípios constitucionais que não se sentem confortáveis.
Se o genial Passos nos quer tomar por parvos, eu acho que elemais uma vez acertou. Já lá vai o tempo em que os traidores aterravam no Terreiro do Paço com os pés para cima. Actualmente começamos por hesitar no primeiro momento, no segundo baixamos as calças e depois de tudo consumado gritamos aqui-d'el-rei que estamos a ser f...... Não estamos aí, claro, mas convinha que ele compreendesse (e para isso acho que tem massa cinzenta suficiente) que a receita dos impostos é um « bolo » : se alguém mete menos farinha, alguém terá que acrescentar mais do que previa, seja por que meio fôr. Se as famílias numerosas pagam menos, esse dinheiro vai cair do céu ?
Mas receio sobretudo (porque tão bem lhe quero) que Passos Coelho (e seus acólitos, já agora) tenham definitivamente tomado o plano inclinado da paranóia.
Felizmente, nesse domínio não nos faltam clínicos brilhantes

Guilherme Proença disse...

E as "bolandas" foram provocadas pela "descentralização", não pelo governo — mais uma narrativa

EU disse...

ó "bolandas", seu caralho,


tu já ouviste falar no...



A N D A N Ç A S?

Anónimo disse...

Quando ouvi o pm a falar do assunto pensei logo:- mais uma salgalhada igual à do concurso de professores.