domingo, outubro 19, 2014

E o pandemónio continua

Hoje no Jornal de Notícias

A operação de propaganda foi bem montada. A ministra da Justiça mandou fazer constar que, na terça-feira, exactamente à meia-noite, seria levantado o estado de Citius, tendo os tribunais condições para laborar a todo o vapor. Na sexta-feira, a troco da satisfação de reivindicações dos solicitadores, estes profissionais convidaram-na a discursar no seu congresso, onde Paula Teixeira da Cruz não foi de modas: o Citius está já «em pleno funcionamento».

Mas a realidade atrapalhou a operação de propaganda. De todos os lados chegam avisos de que a situação está longe de estar resolvida.

Com efeito, o Sindicato dos Funcionários Judiciais alerta que o Citius continua com «falhas graves». O Conselho Superior da Magistratura assumiu que falta proceder à migração de milhares de processos e que subsistem problemas comuns (como detalhes da informação, distribuição dos apensos e acesso aos processos arquivados) na generalidade das comarcas com processos já migrados.

Os próprios presidentes recém-nomeados das 23 novas comarcas se queixam. Veja-se o que relata, hoje no Jornal de Notícias, a Juíza Patrícia Costa, presidente da Comarca de Leiria, na sequência de inquérito aos seus escrivães: «A existência de alguns processos que ainda não migraram do Citius versão 2 para a versão atual (Citius V3); processos distribuídos nas duas primeiras semanas de setembro que não se encontram disponibilizados no sistema informático; não aparecem na pasta de distribuição processos entrados no mês de agosto e não classificados; algumas informações relacionadas com a gestão processual (F7 - detalhes do processo) não se encontram completas; processos que correm termos por apenso ao processo principal e que foram migrados como processos autónomos; há processos que foram distribuídos mas que os Srs. funcionários não conseguem consultar, porque dá erro».

Paula Teixeira da Cruz precisa de ajuda para sair com dignidade da trapalhada que criou. Uma alma caridosa deveria explicar-lhe o que tem de fazer.

4 comentários :

Anónimo disse...

Pedir a demissão. Já. E que venha outro ministro, competente, até às eleições. Se a nossa democracia fosse a sério, esta ministra sentava-se no banco dos réus e respondia por todo este desaforo.

Evaristo Ferreira disse...

"O Moedas, o Moedas. Chamem o Moedas!" Não é ele o Comissário para as Novas Tecnologias?

Anónimo disse...

A senhora Ministra e os seus corregionários, sofrem da mesma doença em comum - a falta de verdade...nisto, são campeões olimpicos

Zé da Adega o da Esperança

Anónimo disse...

Não concordo com a saída da ministra neste difícil momento. Isso é que era bom! Fazia a guerra e abandonava a soldadesca em combate, toda fresca. Não!Acho que tem de ficar até ao fim, de pé, solidaria e responsável, a atascar-se no papel e nos bits desgovernados, a ombrear com o desgraçado pessoal do ministério da Justiça, principalmente oficiais de justiça e outos,a braços com a mais grave trapalhada da sua história.