terça-feira, dezembro 09, 2014

Presunção

• Francisco Seixas da Costa, Presunção:
    «(…) A perplexidade perante as acusações a José Sócrates atingem também, não vale a pena escondê-lo, muita gente que tem por ele um real apreço e que valoriza muito daquilo que fez como governante. Gente que não se revê no labéu de um Sócrates "coveiro" do país e que tem a sua leitura para o que aconteceu em termos financeiros até 2011. Inundadas por notícias que remam todas no mesmo sentido, muitas dessas pessoas mantêm a esperança de que Sócrates seja capaz de clarificar tudo e desmontar a operação instalada à sua volta. Outros há ainda que, escudados no que foi a falta de fundamento para outras acusações surgidas no passado, alimentam a tese de uma cabala urdida pelos operadores judiciários.

    Muito se tem falado sobre o papel da comunicação social neste processo. Grande parte dos meios de comunicação, confessando-o ou não, já tomou partido e esse partido não é o de José Sócrates. Não vale a pena negar nos editoriais o que os títulos não escondem.

    Sobre este assunto eu sei tanto como o leitor, isto é, nada. Como me recuso a deixar-me cair no "achismo", vou acompanhando as notícias, sou delas dependente e procuro pensar friamente. Tenho, porém, duas certezas.

    Se José Sócrates fosse culpado por atos que tivesse cometido no exercício das suas funções de Estado, por ações ou omissões dolosas que pudessem ter traído a confiança que milhões de portugueses nele depositaram, tratar-se-ia de algo muito mais grave do que os próprios delitos. A vida pública concede a um grupo restrito de cidadãos a possibilidade de, por mandato de outros, gerirem o país. Quem trai este compromisso merece o opróbrio definitivo.

    Se o caso contra José Sócrates não for suficientemente sólido, se do trabalho dos acusadores viesse a sair apenas um novelo de suspeições circunstanciais, um pacote de meras convicções, estaríamos perante uma canalhice sem nome, uma ação miserável sobre um homem, que credibilizaria então todas as suspeições que existem sobre a instrumentalização do setor da Justiça.»

6 comentários :

Anónimo disse...

Muito bem o escrito do sr. Embaixador - pergunto - caso não se verifique o crime, para o qual está detido- quem o Indemniza? o Estado merece respeito e os cidadãos também.

Zé da Adega o da Esperança

Anónimo disse...

Sintetizando: como, naturalmente,a justiça fará tudo o que poder para não sair descredibilizada deste processo, que garantias podemos ter de que será feita justiça?

JRodrigues

Anónimo disse...

Reitero a minha esperança de que tudo será esclarecido e que a inocência de Sócrates será provada.

Tenho essa esperança.

Anónimo disse...

Mas, entretanto, não há como evitar que a opinião pública vá sendo envenenada por gente como, por exemplo, Joana Amaral Dias e Paulo Morais, que nos últimos tempos tanta atenção têm merecido de Tvs e jornais, para debitarem todas as suas "convicções" sobre a culpabilidade de Sócrates.

Anónimo disse...

O homem já foi condenado no CM, no Sol, no Publico, nas televisões todas, o que quer dizer na opinião pública! Havia precedentes no caso Casa Pia, no caso Maddie, no Face Oculta. À excepção da Maddie, todos os casos envolveram gente do PS, incluindo um secretario geral e um ex-ministro até foi preso, a mando dos justiceiros, em plena Assembleia da República. Resultados de toda essa encenação: ZERO. Como no caso Freeport - anos e anos de manchetes de campanhas, tenebrosas, de opiniões dos opinadores de meia tigela a exigirem a demissão do 1º ministro - tb neste caso, o que se sabe, afinal é o que sabia: o caso Freeport foi uma fraude judicial, com base numa denuncia anonima. O caso Casa Pia, idem, idem...e o acordão n aponta factos, mas somente, imagine-se, invoca-se a "ressonancia da verdade"! E lá estão presos, destruídos na sua honra, dignidade e na sua imagem publica e na sua estabiliadade de vida familiar. E o que acontece, entretanto, aos julgadores da praça pública, a esses inquisitores dos tempos modernos? "deem-lhes um moinho de vento e regressarão à idade média!(Karl Marx). Por hoje já estamos na era digital e na globalização e há anos que a maquina a vapor foi o sinal da revolução industrial.Os tempos mudaram mas há quem goste de assumir o papel dos novos Toquemardas!

Anónimo disse...

"escondê-lo"

João.